ESC 2024: Novo dispositivo para tratamento de doença coronária?
No último dia do ESC 2024 foi apresentado um trabalho bastante interessante que utilizou um bioadaptador no lugar do stent farmacológico para tratamento percutâneo da doença coronária, o estudo INFINITY SWEDEHEART.
Sabemos que o tratamento de doença coronária com uso de stent farmacológico é altamente efetivo, porém os eventos adversos persistem em uma taxa de 2-3% ao ano após o primeiro ano e é semelhante entre stent convencional e farmacológicos de 1ª e de 2ª geração. Nesse contexto foram testadas outras tecnologias, como os stents bioabsorvíveis, que falharam em melhorar esses desfechos.
Alguns estudos então avaliaram a utilização de um bioadaptador, que tem as mesmas qualidades do stent farmacológico e agrega uma tecnologia que possibilita a abertura do dispositivo após a reabsorção do polímero que o envolve e isso ocorre em seis meses. Há aumento da capacidade de restaurar a viabilidade da artéria, com manutenção de seu fluxo e restauração de sua modulação hemodinâmica e, ao longo do tempo, há melhora da sua pulsatilidade, complacência e fluxo coronário.
Assim, no período inicial de seis meses ele funciona de forma muito semelhante ao stent, porém após parece ter alguns benefícios e a ocorrência de eventos não aumenta como nos stents farmacológicos, mas se mantém num platô.
Imagem de freepikMetodologia
Esse novo estudo foi feito com objetivo de avaliar a segurança e eficácia do bioadaptador comparado ao stent farmacológico em uma população maior, mais representativa do dia a dia.
Foi estudo randomizado, realizado na Suécia, que incluiu 2400 pacientes entre 18 e 85 anos que tinham indicação de intervenção coronária percutânea (ICP) para doença coronária crônica ou síndrome coronariana aguda (SCA). Deveria haver pré dilatação adequada e um máximo de três lesões para serem tratadas.
O desfecho primário era taxa de falha da lesão alvo (TFLA), definido como morte cardiovascular, infarto do miocárdio associado a lesão alvo e necessidade de revascularização da lesão alvo guiada por isquemia em um ano.
Os pacientes tinham idade média de 68 anos, 24% eram do sexo feminino, 77% dos pacientes tiveram SCA. No seguimento de um ano, a ocorrência de TFLA foi ed 2,35% no grupo bioadaptador e 2,77% no grupo stent farmacológico com p < 0,001 para não inferioridade.
Considerações finais
Após seis meses, ocorreu um platô na ocorrência de eventos enquanto no grupo stent a taxa de eventos seguiu aumentando. Essa diferença foi significativa para superioridade do bioadaptador, que levou a menos morte cardiovascular, infarto e revascularização guiada por isquemia.
Esse é o maior estudo randomizado que avaliou este dispositivo e confirmou a baixa ocorrência de eventos de forma consistente comparado ao stent farmacológico em um grande número de pacientes.
Confira todos os destaques do ESC 2024!
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.