ESC 2024: ICP de lesões coronarianas complexas guiada por OCT
A intervenção coronária percutânea (ICP) guiada por imagem intravascular por tomografia coronária de coerência óptica (OCT) e por ultrassom intracoronário (IVUS) já provou implicar melhores resultados clínicos que a ICP guiada apenas pela angiografia.
Apresentado no ESC 2024, o objetivo do estudo OCCUPI (OCT-guided PCI for the complex lesions) foi comparar os benefícios clínicos, quanto a taxas de eventos cardíacos maiores (MACE), da ICP com Stent farmacológico de Everolimus guiada por OCT versus ICP guiada por angiografia em intervenções de lesões complexas após 1 ano de seguimento.
Sobre OCCUPI
Estudo randomizado, aberto, multicêntrico na Coreia do Sul, com 1.604 pacientes.
Desfecho primário (DP): MACE (morte cardíaca, infarto do miocárdio, trombose de stent ou revascularização do vaso-alvo induzida por isquemia) em 1 ano. Os desfechos secundários (DS) foram morte por todas as causas, os eventos do DP individualmente, IAM periprocedimento e nefropatia induzida por contraste. Os critérios de inclusão foram idade 19 a 85 anos, doença isquêmica cardíaca (aguda ou crônica), estenose com lesões complexas.
As características clínicas dos pacientes em ambos os grupos foram semelhantes, sendo a idade média 64 anos, 80% homens, 49% com síndrome coronariana aguda prévia, o número de stents por paciente foi de 1,6 em ambos os grupos. Houve diferença estatística entre os grupos quando ao resultado do procedimento e suas características:
- Diâmetro luminal mínimo 2,75 (OCT) vs 2,59 (angiografia), p < 0,001
- Diâmetro estenótico 12% (OCT) vs 14% (angiografia), p < 0,001
- Volume de contraste 300 mL (OCT) vs 210 mL (angiografia), p < 0,001
- Tempo do procedimento 53 minutos (OCT) vs 43,5 minutos (angiografia), p < 0,001
O DP foi favorável a ICP guiada por OCT com diferença absoluta de – 2,8% [IC 95%, -5,1 a -0,4], HR, 0,62 [IC 95%, 0,41 a 0,93], p 0,023. Não houve diferenças quanto a mortalidade, IAM periprocedimento, trombose de stent e nefropatia induzida por contraste, porém houve redução de IAM espontâneo (HR 0,36, IC 95% 0,15-0,86, p 0,022).
Além disso, alguns dados sobre a otimização dos resultados da ICP foram analisados e vale serem destacados. Foi feita uma correlação de otimização da ICP com Stent com os desfechos clínicos. A otimização da ICP com Stent precisou ter três critérios aceitáveis: expansão do Stent, aposição do Stent e dissecção na borda do Stent. A taxa de expansão foi de 73,4%, taxa de aposição de 80,8% e adequação da dissecção foi 99,6%, resultando em 71% de ICP otimizada vs 29% de subotimizada. Dentre os pacientes do grupo OCT, a taxa de eventos nos pacientes otimizados foi de 2,9% e nos subotimizados 8,6% com HR 0,33, IC 95% 0,17-0,65, p 0,00.
A ICP de lesões complexas guiada por OCT resultou em menor incidência do composto de morte cardíaca, infarto do miocárdio, trombose de stent ou revascularização do vaso-alvo induzida por isquemia após um ano de seguimento quando comparada à orientação por angiografia, apoiando o benefício terapêutico da OCT como uma modalidade de imagem intravascular efetiva na ICP de lesões complexas. Ademais, a principal redução no grupo guiado por OCT foi impulsionada pela redução das ocorrências de IAM espontâneo e revascularização do vaso-alvo sem levantar preocupações de nefropatia induzida por contraste. No grupo PCI guiada por OCT, os pacientes que atenderam aos critérios de otimização OCCUPI-OCT pré-especificados (expansão, aposição e dissecção de borda aceitáveis) tiveram uma taxa de MACE significativamente menor em comparação com aqueles com subotimização.
Confira todos os destaques do ESC 2024!
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.