ESC 2024: Há benefício em tratar doença coronária no paciente submetido a TAVI?
Pacientes com estenose aórtica importante que serão submetidos a implante transvalvar aórtico (TAVI) em até 15% das vezes têm doença aterosclerótica coronária (DAC) associada. O manejo desses pacientes ainda é controverso e o estudo NOTION-3, apresentando no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia avaliou se a realização de angioplastia nos pacientes com indicação de TAVI teria benefício.
Foi estudo internacional, aberto, randomizado e controlado, que comparou revascularização completa com angioplastia associada a TAVI ou tratamento conservador da coronária com realização de TAVI isolada. Os pacientes deveriam ter estenose valvar aórtica importante e pelo menos uma estenose coronária significativa, caracterizada por FFR ≤ 0,80 ou diâmetro da estenose > 90% em uma coronária com diâmetro ≥ 2,5mm.
Pacientes com expectativa de vida < 1 ano, insuficiência renal, infarto agudo do miocárdio (IAM) recente ou lesão de tronco de coronária foram excluídos.
O objetivo era avaliar a segurança e eficácia dos procedimentos associados e o desfecho primário foi composto por morte por todas as causas, IAM ou revascularização de urgência até que o último paciente incluído fosse seguido por pelo menos 1 ano.
Foram incluídos 455 pacientes em 12 centros, 228 no grupo estratégia conservadora e 227 no grupo TAVI. As características dos grupos eram semelhantes entre si e os pacientes tinham idade média de 81 anos e 33% eram do sexo feminino. O escore STS era 3% e quase 60% dos pacientes tinham angina. Na maior parte dos casos (74%), a angioplastia foi realizada antes da TAVI, em 17% foi concomitante e em 9% foi realizada após.
A ocorrência do desfecho primário no seguimento médio de 2 anos foi 29% menor no grupo que realizou angioplastia, sendo de 26% no grupo intervenção e 36% no grupo com tratamento conservador (HR 0,71; IC 95% 0,51-0,99, p=0,041).
Ao se avaliar os componentes do desfecho primário, houve menor ocorrência de IAM (8% x 14%) e necessidade de revascularização de urgência (2% x 11%), com diferença estatisticamente significativa. A mortalidade por todas as causas foi semelhante entre os grupos.
Em relação a segurança, a ocorrência de sangramento menor, maior ou ameaçador a vida foi maior no grupo intervenção, porém sem diferença estatística (28% x 20%). As complicações relacionadas a TAVI foram semelhantes nos dois grupos.
Esses resultados sugerem que pacientes que serão submetidos a TAVI e que tem DAC obstrutiva devem ser avaliados para intervenção coronária percutânea, visando redução de eventos, principalmente IAM e necessidade de revascularização de urgência. Alguns estudos já em andamento poderão confirmar esses resultados.
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