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O estudo ISAR-REACT 5, desenhado para ser capaz de demonstrar a teórica superioridade do Ticagrelor em relação ao Prasugrel em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) submetidos à estratégia invasiva, acabou demonstrando exatamente o oposto.
Aproximadamente 4000 pacientes foram randomizados para receber ticagrelor (n=2012) ou Prasugrel (n=2006). Em pacientes com infarto com supra do segmento ST (IAMCSST), o antiplaquetário era administrado logo na randomização. No caso de SCA sem supra do segmento ST (SCASSST), os pacientes randomizados para o grupo ticagrelor recebiam a droga logo na randomização, enquanto aqueles sorteados para o grupo prasugrel recebiam a medicação no momento do cateterismo cardíaco, após a definição da anatomia, conforme evidências de estudos prévios. Aproximadamente 85% dos pacientes foram revascularizados por intervenção coronária percutânea (ICP).
O desfecho primário foi a combinação de IAM, AVC ou morte e ocorreu em 9.3% dos pacientes do grupo ticagrelor contra 6.9% no grupo prasugrel (RR 1.36, P=0.006), no seguimento de um ano. Além do resultado inesperado, a magnitude da diferença foi muito significativa, demonstrando uma clara superioridade do prasugrel quando comparado lado a lado com o ticagrelor.
Em relação aos desfechos secundários, destaca-se a ocorrência de infarto do miocárdio, que foi menor nos pacientes que receberam prasugrel: 3.7% versus 4.8% – RR 1.23 (IC 95% 1.18-2.25). Os outros desfechos secundários – mortalidade e AVC isolados – tiveram uma tendência numérica em benefício ao prasugrel, porém não atingiram significância estatística. Também não houve diferenças em relação à sangramentos maiores e trombose de stent.
Apesar de se tratar de um estudo bastante robusto, algumas limitações foram levantadas após a apresentação. Entre elas, destacam-se o fato de não ser um estudo cego, a ausência de uma análise específica sobre a aderência das drogas e o momento diferente de administração das medicações.
Muito embora sugira-se estudos complementares para confirmar estes resultado, o ISAR-REACT 5 tem grande potencial de mudar a rotina no atendimento dos pacientes com SCA, sobretudo aqueles com SCASSST. Neste caso, devido à superioridade do prasugrel, o momento de se administrar a droga passaria a ser no cateterismo cardíaco, após a definição da anatomia. Muito provavelmente, isso teria impacto no tempo em que se espera para a estratégia invasiva, com uma tendência a se realizar o cateterismo mais precocemente. Evitando assim um potencial prejuízo relacionado a um tempo prolongado sem terapia dupla antiplaquetária.
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