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Cardiologia17 junho 2025

Colchicina reduz lesão por reperfusão pós-angioplastia no infarto com supra? 

Estudo avaliou a eficácia da administração de colchicina em pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST

No infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAM SST) ocorre oclusão do vaso com isquemia prolongada e necrose do miocárdio. O tratamento envolve dupla antiagregação plaquetária, tratamento fibrinolítico ou intervenção coronária percutânea (ICP) primária e, apesar de avanços, a mortalidade ainda é alta, chegando a 7,9% nos primeiros 30 dias em pacientes tratados com ICP primária. 

A mortalidade também pode ter relação com lesão por reperfusão, que se manifesta com arritmias de reperfusão, atordoamento do miocárdio, obstrução microvascular e hemorragia intramiocárdica. A lesão por reperfusão é mediada por citocinas pró-inflamatórias e outros agentes como óxido nítrico e ainda não há um tratamento efetivo para seu tratamento.   

A colchicina é um anti-inflamatório que atua por diversos mecanismos e tem sido usada de forma efetiva no tratamento de doenças do pericárdio e prevenção de fibrilação atrial no pós-operatório de cirurgia. Além disso, a colchicina mostrou reduzir a taxa de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE) na doença coronária estável.   

Foi feito então um estudo com objetivo de avaliar o efeito da colchicina na lesão por reperfusão em pacientes com IAM SST submetidos a ICP primária. 

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi estudo randomizado, duplo cego e controlado realizado em 2 centros na Indonésia, que incluiu pacientes de 18 a 80 anos com IAM SST submetidos a ICP primária. O grupo intervenção recebeu 2mg de dose inicial de colchicina seguido de 0,5mg a cada 12 horas por 2 dias e o grupo controle recebeu comprimidos equivalentes de amido.   

Após a ICP os pacientes eram monitorizados por 2 dias quanto a incidência de lesão por reperfusão, que foram os desfechos primários: arritmias de reperfusão, choque cardiogênico, dor torácica persistente e fluxo TIMI 0-2 na angiografia. 

Resultados 

Foram incluídos na análise final 37 pacientes no grupo intervenção e 40 no grupo controle. A idade média foi de 55,2 anos, a maioria (76,6%) era do sexo masculino e as características eram semelhantes entre os grupos.  

Do total, 71% eram tabagistas e 27% tinham pelo menos dois fatores de risco cardiovasculares. Na angiografia, 44,15% tinham doença triarterial e a descendente anterior foi a coronária mais acometida (53,24%).  

Lesão por reperfusão ocorreu em 18 (48,6%) pacientes do grupo intervenção e em 17 (42,5%) do grupo controle, sem diferença estatística (p = 0,588). Não houve diferença em relação às comorbidades dos pacientes e não houve eventos adversos graves. O efeito colateral mais comum foi diarreia, em 16%. 

Comentários e conclusão: Colchicina no IAM SST

Este é o primeiro estudo que avaliou o papel da colchicina na prevenção de lesão por reperfusão em pacientes com IAM SST submetidos a ICP primária e não encontrou benefício com uso da medicação. 

Um dos motivos poderia ser que a inflamação neste tipo de IAM é mais intensa que nas outras doenças cardiovasculares para as quais a medicação é utilizada. Porém, há várias limitações deste estudo, como o pequeno número de participantes, o curto período de seguimento e o fato de ter sido realizado em apenas dois centros da Indonésia. 

Assim, não parece haver benefício da colchicina na prevenção de lesão por reperfusão de pacientes com IAM SST submetidos a ICP primária, porém talvez seja interessante ser realizado um estudo maior e com tempo um pouco mais prolongado de seguimento. 

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Referências bibliográficas

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