CBC 2024: Os casos clínicos apresentados no Simpósio Afya CardioPapers
No primeiro dia do 79° Congresso Brasileiro de Cardiologia, grandes nomes da Afya CardioPapers lotaram a sala com uma palestra que trouxe importantes casos clínicos. Todas as respostas foram embasadas nas últimas evidências sobre diferentes assuntos da cardiologia.
Primeiro caso
Homem, 59 anos, consulta de rotina. Antecedentes de DAC crônica em tratamento clínico, último IAM há 4 anos, obesidade grau 1.
Se apresentava atualmente com angina CCS2. Função ventricular preservada. Teste ergométrico recente com 8 METS, sem arritmias.
Aprendizados sobre o caso:
- Paciente pode realizar atividade sexual? Sim! Pacientes com angina CCS 1-2 e boa capacidade funcional (3-5 METS) no TE estão liberados. Algumas contraindicações seriam: IAM < 72 horas, angina instável, arritmias complexas.
- Teria indicação de semaglutida? Sim, na dose de 2,4mg SC 1x por semana para redução de mortalidade (estudo SELECT).
- Teria indicação de colchicina: Pode ser usada em pacientes com DAC crônica (indicação IIB pela AHA 2023 e IIA pela ESC 2024). Ainda pouco prescrita no dia a dia pelo risco teórico de aumento de infecções.
- Teria indicação de ivabradina? Para controle de angina em pacientes com FEVE preservada, não (Classe III). Contraindicada porque piorou desfechos no estudo SIGNIFY).
Segundo caso
Homem, 61 anos, dispneia há 4 meses. Sinais de congestão ao exame físico.
ECOTT FEVE 33%. AngioTC coronárias sem obstrução significativa.
Aprendizados sobre o caso:
- Escolho BRA, IECA, INRA ou tanto faz?
Pela diretriz ESC 2021: IECA ou INRA – sem superioridade entre os dois.
Pela diretriz AHA 2022: Preferência pelo INRA. Segunda opção IECA e terceira opção BRA.
- Qual betabloqueador prescrevo?
Pela Diretriz Brasileira de 2018: Bisoprolol, carvedilol e succinato metoprolol com recomendação I. Nebivolol apenas para pacientes com disfunção de VE sintomática com > 70 anos (recomendação IIB). Na diretriz brasileira de 2021, nebivolol não foi mais citado.
- Posso indicar CDI? Para indicação de CDI como profilaxia primária na ICFER, pacientes devem estar com terapia médica totalmente otimizada.
CBC 2024: Fibrilação atrial e prevenção do AVC
Terceiro caso
Mulher, 65 anos, chega com fibrilação atrial na emergência (palpitações há 48 horas). Exame físico sem congestão. FC 144bpm. Passado de IAM > 1 ano.
ECOTT FEVE 47%. CHADS2VA 3 pontos.
Aprendizados sobre o caso:
- Devo anticoagular? Sim! Pela diretriz ESC 2024, CHADS2VA com 2 pontos ou mais recebe indicação I de anticoagulação e com 1 ponto recebe indicação IIa.
- Ablação é uma boa escolha? Pode ser, pensando em redução de recorrência da arritmia e em melhora dos sintomas. Lembrar que não altera mortalidade nos pacientes com FEVE >45% (estudo CABANA).
- Posso usar propafenona? Não! Propafenona deve ser evitada em pacientes com hipertrofia ventricular importante, disfunção ventricular ou doença coronariana.
- Devo manter AAS? Não. Pacientes com DAC crônica e FA = manter apenas anticoagulante.
Quarto caso
Mulher 82 anos, dispneia há 6 meses. Obesidade grau 1. ECOTT com FEVE 60%, ECG em FA. H2FPEP 6 pontos.
Aprendizados sobre o caso:
- Devo prescrever ISGLT2? Sim! Tratamento padrão ouro para ICFEP segundo ESC 2023: ISGLT2 para todos (para redução de hospitalização), tratar comorbidades e prescrever diuréticos se houver sinais de congestão. Possível inclusão, no futuro, de semaglutida (para melhora de qualidade de vida) e de finerenona (estudo FINEARTS-HF).
Confira os destaques do 79° Congresso Brasileiro de Cardiologia!
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