A prevalência de morte por doença cardiovascular nas mulheres é 16 vezes maior que a de câncer de mama, e a cada ano que passa, temos um aumento do número de mulheres jovens com síndrome coronariana aguda. Como as mulheres apresentam um quadro clínico atípico, o diagnóstico e a terapêutica oportuna ficam prejudicadas, aumentando o risco de morte dessas pacientes. O ginecologista é o clínico geral das mulheres, e tem o dever de avaliar esse risco e orientar mudanças de hábitos de vida para prevenir um desfecho desfavorável, além de solicitar avaliação do cardiologista quando necessário, para que juntos possam melhorar a saúde dessas pacientes.
Evidências sobre riscos da doença cardiovascular
Em 2020, a revista Elsevier publicou uma série de artigos sobre coração e hormônios, um deles foi um alerta para o risco cardiovascular de mulheres antes e após a menopausa. Com o passar dos anos, as mulheres têm assumido cada vez mais funções, prejudicando sua qualidade de vida e adquirindo hábitos prejudiciais para sua saúde, como tabagismo, alimentação inadequada, sedentarismo e poucas horas de sono.
O autor faz um alerta para fatores hormonais que podem aumentar o risco de síndrome coronariana aguda, como: contracepção hormonal, endometriose, síndrome dos ovários policísticos, diabetes gestacional, aborto, pré-eclâmpsia, menarca precoce, insuficiência ovariana precoce, idade da menopausa, histerectomia com anexectomia. Grande parte das pacientes no consultório de ginecologia apresentam esses fatores de risco e não são orientadas quanto à prevenção de doença cardiovascular adequadamente.
Considerações
Nos últimos anos, tem sido discutido a necessidade de prestar uma assistência integral para nossos pacientes. Cada ano que passa, vejo na prática clínica diária e nos artigos científicos que busco a importância da integralidade na saúde. Enxergar o paciente como um todo é essencial para diminuir morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida de nossos pacientes. Uma consulta de rotina ginecológica não é somente para “colher preventivo” e sim para fazer prevenção de doenças que aquela mulher possa desenvolver.
Leia também: Endometriose e síndrome do ovário policístico
Referência bibliográfica:
- Christina Chrysohoou, et al. Cardiovascular disease in women: Executive summary of the expert panel statement of women in cardiology of the hellenic cardiological society. Hellenic Journal of Cardiology.
Volume 61, Issue 6. 2020. Pages 362-377. ISSN 1109-9666. doi: https://doi.org/10.1016/j.hjc.2020.09.015.
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