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Cardiologia10 novembro 2025

AHA 2025: Ticagrelor ou prasugrel na doença coronária multiarterial e diabetes?

O TUXEDO-2 foi um estudo 2x2, multicêntrico, randomizado que incluiu pacientes maiores de 18 anos com DAC multiarterial e diabetes.

No último dia do congresso da American Heart Association (AHA 2025) foi apresentado um trabalho (TUXEDO-2) que comparou os antiplaquetários ticagrelor e prasugrel em pacientes diabéticos com doença aterosclerótica coronária (DAC) multiarterial submetidos a intervenção coronária percutânea (ICP).  

O melhor tratamento para esta população ainda não é bem definido e na análise de subgrupos do estudo ISAR-REACT 5, que mostrou superioridade do prasugrel em relação ao ticagrelor, o ticagrelor parece ter sido semelhante ao prasugrel nos pacientes diabéticos.  

Assim, foi feito este novo estudo, de não inferioridade, com a hipótese de que o uso de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) com ticagrelor seria não inferior a DAPT com prasugrel na redução de desfechos desta população específica.  

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi estudo 2×2, multicêntrico, randomizado que incluiu pacientes maiores de 18 anos com DAC multiarterial e diabetes que foram submetidos a ICP por estenoses de pelo menos 70% em pelo menos dois vasos epicárdicos. A indicação da ICP era para melhora de sintomas ou redução de isquemia.  

Os pacientes eram randomizados para um stent com polímero biodegradável com sirolimus (BP-SES) ou um stent com polímero durável coberto com everolimus (DP-EES) e para DAPT com ticagrelor ou prasugrel combinados a aspirina. 

O desfecho primário era composto por morte, infarto agudo do miocárdio (IAM) não fatal, acidente vascular cerebral (AVC) ou sangramento maior em um ano de seguimento. Aqui estão os resultados em relação a DAPT, os resultados em relação a ICP foram apresentados previamente.  

Resultados 

Foram incluídos 901 pacientes no grupo ticagrelor e 899 no grupo prasugrel. Os pacientes tinham idade média de 60 anos, 72% eram do sexo masculino, o tempo médio de diabetes era de 5,9 anos, sendo um pouco maior no grupo prasugrel (6,19 x 5,6 anos). A fração de ejeção do ventrículo esquerdo, risco de sangramento, proporção de IAM, angina instável e DAC estável foram semelhantes nos dois grupos, assim como a proporção de DAC bi ou triarterial. 

Em relação aos desfechos, a ocorrência de eventos no grupo ticagrelor não alcançou critérios de não inferioridade comparado ao grupo prasugrel. Houve 16,57% de eventos de desfecho primário no grupo ticagrelor e 14,23% no grupo prasugrel, com diferença de risco de 2,33% e p=0,83. Também não houve diferença ao se separar eventos isquêmicos e de sangramento.  

Na análise de subgrupos, pacientes que tinham diabetes há menos de 5 anos tiveram benefício do prasugrel, assim como pacientes com alto risco de sangramento. Nos demais subgrupos pré-especificados não houve diferença entre as duas medicações. 

Em uma metanálise conjunta com o estudo ISAR-REACT 5, os resultados favoreceram o prasugrel na redução de morte, IAM e AVC, com redução de 22% no risco desses eventos e sem diferença significativa de sangramento. 

Comentários e conclusão 

Neste estudo, pacientes com diabetes e DAC multiarterial submetidos a angioplastia parecem ter mais benefício do prasugrel comparado ao ticagrelor, principalmente nos pacientes com menos tempo de diabetes e nos com alto risco de sangramento.  

Confira a cobertura completa do AHA 2025!

Autoria

Foto de Isabela Abud Manta

Isabela Abud Manta

Editora médica de Cardiologia da Afya ⦁ Residência em Clínica Médica pela UNIFESP ⦁ Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) ⦁ Graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) ⦁ Atua nas áreas de terapia intensiva, cardiologia ambulatorial, enfermaria e em ensino médico.

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