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Cardiologia8 novembro 2025

AHA 2025 - Oclusão do apêndice atrial na FA com alto risco isquêmico e sangramento

Estudo comparou a OAAE e o melhor tratamento médico prescrito, que poderia incluir uso de DOAC, em pacientes com FA e alto risco de AVC e sangramento. 

Nos últimos anos surgiu um novo procedimento que tem como objetivo reduzir a ocorrência de eventos embólicos em pacientes com fibrilação atrial (FA): a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo (OAAE). Esse procedimento é recomendado geralmente quando há alto risco de sangramento, que impossibilita que o paciente utilize anticoagulantes orais, como os anticoagulantes orais diretos (DOAC). 

No primeiro dia do Congresso da American Heart Association (AHA 2025), foi publicado o estudo CLOSURE-AF, que teve como objetivo comparar a OAAE e o melhor tratamento médico prescrito, que poderia incluir uso de DOAC, nos pacientes com FA e alto risco de acidente vascular cerebral (AVC) e de sangramento. 

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi estudo randomizado, não cego e os critérios de inclusão eram FA com CHA2DS2-VASc ≥ 2 e alto risco de sangramento (HASBLED ≥ 3, história de sangramento ou doença renal crônica (DRC) com taxa de filtração glomerular de 15 a 29mL/min/1,73m2). 

Os pacientes eram randomizados para OAAE ou tratamento médico e o desfecho primário foi tempo para ocorrência de AVC (isquêmico ou hemorrágico), embolia sistêmica, morte cardiovascular ou inexplicada e sangramento maior (BARC ≥ 3). 

Veja também: Qual tempo de anticoagulação do paciente submetido a oclusão do apêndice atrial?

Resultados 

Foram randomizados 446 pacientes para o grupo intervenção e 442 para o grupo tratamento médico. As características dos pacientes eram semelhantes entre os grupos, que tinham idade média de 79,1 anos, 93,6% eram caucasianos e o CHA2DS2-VASc foi de 5,2.  

No grupo intervenção, houve predomínio do uso de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) no período do procedimento, seguido de monoterapia com antiplaquetário ao longo do restante do seguimento. No grupo tratamento médico, o predomínio foi pelo uso de DOAC isoladamente (mais de 60% dos pacientes), sendo que uma parte usou antagonistas de vitamina K, DOAC associado a antiplaquetário, apenas antiplaquetário em monoterapia ou nenhuma medicação. 

Não houve diferença no desfecho primário ao se comparar os dois grupos e o grupo intervenção não alcançou não inferioridade comparado ao grupo tratamento médico. Além disso, no seguimento médio de 3 anos, a OAAE foi associada a maior tendência de desfecho combinado de AVC, embolia sistêmica, sangramento maior e morte cardiovascular ou inexplicada.  

Comentários e conclusão 

Este estudo mostrou que não há benefício da OAAE na redução de desfechos em pacientes idosos com FA e alto risco de eventos isquêmicos e de sangramento comparado ao tratamento médico prescrito, que na maioria dos pacientes foi feito com DOAC.   

Confira a cobertura completa do AHA 2025!

Autoria

Foto de Isabela Abud Manta

Isabela Abud Manta

Editora médica de Cardiologia da Afya ⦁ Residência em Clínica Médica pela UNIFESP ⦁ Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) ⦁ Graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) ⦁ Atua nas áreas de terapia intensiva, cardiologia ambulatorial, enfermaria e em ensino médico.

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