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Cardiologia7 abril 2024

ACC 2024: Tratamento da hipertensão não controlada com uma única injeção semestral

Um dos destaques do segundo dia do congresso de cardiologia ACC 2024 foi a apresentação sobre o medicamento zilebesiran. Confira.

Uma única injeção subcutânea de Zilebesiran, quando adicionada ao tratamento anti-hipertensivo padrão, reduziu a pressão arterial em pacientes fora da meta, de acordo com os resultados do estudo KARDIA-2, apresentado no congresso ACC 2024.  

O estudo KARDIA-1 já havia demonstrado uma redução importante da PA nas medidas ambulatoriais de 24h, sustentadas por até 24 semanas após uma dose única subcutânea de zilebesiran. 

ACC 2024: Confira os destaques do congresso do American College of Cardiology

O que é o Zilebesiran? 

O zilebesiran é um medicamento investigativo que atua por meio de RNA de interferência (RNAi) para silenciar a expressão do gene que codifica o angiotensinogênio, reduzindo assim a produção desse precursor chave no sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA).  

Ao diminuir os níveis de angiotensinogênio, há menos substrato disponível para a formação de angiotensina II, um potente vasoconstritor que aumenta a pressão arterial. Esta ação direcionada permite ao zilebesiran diminuir eficazmente a pressão arterial com administrações infrequentes (ex.: injeções a cada três ou seis meses), oferecendo uma nova abordagem potencialmente mais conveniente para o manejo da hipertensão, especialmente para pacientes que enfrentam desafios com a adesão a regimes de medicação diários. 

Qual a novidade do KARDIA-2? 

O estudo KARDIA-2 testou se a adição de zilebesiran a um medicamento anti-hipertensivo padrão ajudaria pacientes com hipertensão que não estavam alcançando controle adequado da pressão arterial com as medicações habituais.  

O estudo incluiu 672 pacientes cuja idade média era 59 anos; 43% eram mulheres e 28% eram negros. Aproximadamente um em cada quatro pacientes tinha diabetes além da hipertensão arterial. A pressão arterial sistólica média dos pacientes antes de receberem zilebesiran ou placebo era de 143 mmHg. 

Na entrada do estudo, a maioria dos pacientes estava tomando um ou dois medicamentos anti-hipertensivos. Após descontinuar esses medicamentos, os pacientes foram randomizados para três grupos, tomando apenas uma medicação de uso diário: indapamida, amlodipina ou olmesartana.

Após quatro semanas sob esse novo regime, eles eram avaliados com MAPA, e aqueles que ainda mantinham uma PAS média entre 130 e 160mmHg eram novamente randomizados para receberem uma única injeção de zilebesiran 600 mg ou placebo. Os pacientes foram então acompanhados por mais seis meses. A adição de outros medicamentos anti-hipertensivos foi permitida após três meses para atingir metas de pressão arterial recomendadas pelas diretrizes. 

E quais foram os principais resultados? 

Em três meses, todos os três grupos de pacientes que receberam zilebesiran apresentaram reduções significativas da pressão arterial de 24 horas, comparadas ao placebo.  

  • Grupo indapamida:  -12 mmHg;  
  • Grupo amlodipina: -9,7 mmHg;  
  • Grupo olmesartana: -4 mmHg.  

Apesar da permissão para se associar outras medicações após três meses, com o objetivo de atingir as metas de pressão arterial, as reduções ajustadas pelo tempo observadas com o zilebesiran permaneceram estatisticamente significativas até o sexto mês de acompanhamento.  

Quais as novas perspectivas? 

O zilebesiran, quando adicionado ao tratamento padrão com medicamentos anti-hipertensivos, demonstrou redução eficaz da pressão arterial sistólica em pacientes com hipertensão que permaneceram descontrolados apesar do tratamento habitual. 

O estudo revelou ainda os benefícios sustentados do zilebesiran para manter a redução da pressão arterial mesmo com a adição de outros tratamentos anti-hipertensivos ao longo do tempo. Isso sugere que o zilebesiran pode oferecer uma estratégia potente para o controle da pressão arterial, reduzindo potencialmente a necessidade de múltiplas medicações diárias. 

Além disso, quanto à segurança, não foram observadas taxas mais altas de efeitos adversos com a nova medicação, incluindo hipopotassemia, injúria renal e hipotensão arterial. 

Apesar dos resultados promissores, devemos ressaltar a necessidade de mais estudos de maior duração em pacientes com alto risco cardiovascular. O acompanhamento estudo KARDIA-3 buscará testar a eficácia e segurança do zilebesiran em um grupo demográfico mais amplo com hipertensão não controlada e condições de saúde coexistentes significativas, como alto risco cardiovascular ou doença renal crônica avançada. Se estudos adicionais confirmarem a eficácia e segurança do zilebesiran, esse novo tratamento poderá alterar significativamente a abordagem da hipertensão não controlada. 

Confira o que o foi sobre esse estudo no canal da Afya CardioPapers no Youtube!

Veja aqui todos os destaques da nossa cobertura do ACC 2024!

Confira também o Instagram e o site da Afya CardioPapers para mais informações sobre a edição deste ano do congresso do American College of Cardiology.

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