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Cardiologia6 abril 2024

ACC 2024: Inclisiran precoce para pacientes com aterosclerose

Um estudo avaliou o uso do inclisiran de forma precoce quando há falha de alcançar o alvo de LDL com estatinas.

Apesar de sabermos que pacientes tem melhora de desfechos cardiovasculares com redução do colesterol LDL, estudos de mundo real mostram que até 80% dos pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica não conseguem alcançar a meta de LDL. Isso pode ser decorrente de inercia médica, falta de aderência e efeitos colaterais. 

A primeira escolha de tratamento são as estatinas de alta potência, porém podem ser necessárias medidas adicionais, como ezetimibe, ácido bempedoico ou inibidores do PCSK9. 

O inclisiran é uma medicação que interfere no ácido ribonucleico e inibe a produção de PCSK9 hepático, aumentando a expressão de receptores de LDL e seu clearence, com redução do LDL em aproxidamente 50%. Essa medicação é utilizada duas vezes por ano e sua eficácia e segurança já foram avaliadas em estudos prévios. 

Foi feito então um estudo para avaliar o uso do inclisiran de forma precoce quando há falha de alcançar o alvo de LDL com estatinas. Os resultados deste estudo (VICOTORION-INITIATE) foram apresentados no congresso do American College of Cardiology (ACC 2024). 

ACC 2024: Confira os destaques do congresso do American College of Cardiology

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi um estudo prospectivo, randomizado, multicêntrico, aberto, de fase 3b, para avaliar a efetividade da utilização do inclisiran antes de outras opções terapêuticas comparado ao tratamento habitual. 

Os pacientes tinham que ter 18 anos ou mais, história de doença cardiovascular aterosclerótica (coronária, cerebrovascular ou doença arterial periférica), LDL ≥ 70mg/dL ou colesterol não HDL ≥ 100mg/dL e triglicerídeos < 500mg/dL, em uso da máxima dose de estatina tolerada. 

Pacientes randomizados para o grupo intervenção recebiam inclisiran na dose de 300mg, via subcutânea, nos dias 0,90 e 270, associado ao tratamento habitual. O desfecho primário foi mudança no LDL no seguimento e descontinuação da estatina 30 dias ou mais antes do término do estudo. 

Resultados 

Foram randomizados 450 pacientes, sendo 225 para cada grupo. Os pacientes tinham idade média de 67 anos, 30,9% eram do sexo feminino, o LDL médio era 97,4mg/dL e a maioria tinha como antecedente doença coronária. 

No dia 330, a média de mudança de LDL foi -60% no grupo inclisiran e -7% no grupo tratamento habitual, com grande diferença entre os grupos (p<0,001). A descontinuação da estatina nos pacientes com intolerância a estatina foi maior no grupo tratamento habitual que no grupo intervenção.  

Análises secundárias mostraram redução do LDL de 58mg/dL no grupo inclisiran e 10,5mg/dL no tratamento habitual. Muito mais pacientes alcançaram a meta de LDL no grupo intervenção: redução de 50% do LDL: 69,8% x 5,3%; LDL < 70mg/dL: 81,8% x 22,2%; LDL < 55mg/dL:71,6% x 8,9% respectivamente nos grupos intervenção e tratamento habitual. 

A maior parte dos pacientes em ambos os grupos manteve apenas estatina, com pouca associação com outras medicações. A ocorrência de eventos adversos foi maior no grupo intervenção, as custas de reação no local da injeção. Não ocorreram eventos graves. 

Comentários e conclusão 

Este estudo avaliou a implementação de uma estratégia de redução de colesterol, baseada no uso de inclisiran, quando a meta de LDL não é atingida com estatina em dose máxima tolerada. Essa estratégia levou a maior redução de LDL comparado ao tratamento habitual, realizado com outras medicações hipolipemiantes.  

Esse estudo é um estudo de “mundo real”, no qual as medicações poderiam ser ajustadas de acordo com a necessidade. Boa parte dos pacientes não teve o tratamento otimizado como poderia e isso pode ter sido por inércia médica ou questões de custo por exemplo. 

Como conclusão tivemos que o grupo inclisiran teve redução importante do colesterol, mostrando que a medicação é efetiva e possível de ser implementada na prática clínica. Além disso, a medicação parece segura e existem estudos em andamento para avaliar a segurança e tolerabilidade no longo prazo.  

Ainda, estudos randomizados duplo cegos podem auxiliar na avaliação de segurança e eficácia da implementação precoce da medicação em pacientes que não conseguiram atingir o alvo de LDL e confirmar os resultados deste estudo.

Veja aqui todos os destaques da nossa cobertura do ACC 2024!

Confira o que o foi sobre esse estudo no canal da Afya CardioPapers no Youtube!

Confira também o Instagram e o site da Afya CardioPapers para mais informações sobre a edição deste ano do congresso do American College of Cardiology.

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Referências bibliográficas

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