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Carreira16 setembro 2024

Doenças Crônicas: perspectivas e cenário

Novidades tecnológicas podem ajudar médicos e pacientes no combate a doenças crônicas, como diabetes e insuficiência cardíaca
Por Ester Ribeiro

Nos últimos 120 anos, o panorama da saúde mudou radicalmente, impulsionado por avanços tecnológicos. Ao mesmo tempo, as doenças crônicas e as suas complicações têm se tornado cada vez mais prevalentes em comparação com as causas infecciosas.

Nesse contexto, Dr. Eduardo Lapa, fundador da Cardiopaper, Dr. Bruno Halpern, Presidente da WOF, da ABESO, e Dra. Marcela Caselato, Diretora médica da Novo Nordisk, oferecem uma discussão relevante sobre o tema de Doenças crônicas, debatido no Afya Summit, em agosto de 2024.

Análise do tempo e evolução tecnológica

Em 1900, as principais causas de morte eram doenças infecciosas, em um cenário onde não havia água tratada, vacinas ou antibióticos. Hoje, devido ao aumento da expectativa de vida, impulsionado por medicamentos como antibióticos, vacinas, melhorias na higiene e no saneamento básico, 75% das mortes são causadas por doenças crônicas, com as doenças cardiovasculares liderando, seguidas pelo câncer.

De acordo com Dr. Eduardo Lapa, o aumento gradual do peso da população tem levado à elevação da pressão arterial e ao crescimento dos casos de diabetes. Destes, 45% permanecem sem diagnóstico, e menos de 40% dos diagnosticados alcançam as metas de tratamento. Há um grande abismo entre conhecer as metas e efetivamente alcançá-las.

A inteligência artificial pode ser uma revolução nesse processo. O trabalho médico, devido às responsabilidades envolvidas, tem se tornado cada vez mais desgastante, especialmente com a carga de preenchimento de formulários, anamnese, receitas e laudos.

Nos EUA, 51% do tempo do médico é consumido por essas tarefas, e o tempo médio para uma consulta inicial é de apenas 12 minutos.

Leia mais: A educação médica e o futuro de uma nova geração

Ferramentas clínicas da atualidade

Soluções como prontuários eletrônicos que escutam, transcrevem e organizam a consulta economizam até três horas diárias para os médicos. Programas que geram laudos a partir da anamnese, ajustam receitas conforme solicitado e auxiliam nas atualizações para não perder indicações de tratamentos e exames são outras inovações promissoras.

Além disso, novas tecnologias, como estetoscópios que diagnosticam insuficiência cardíaca congestiva (ICC) durante a ausculta e sensores que monitoram frequência cardíaca, glicemia, apneia do sono e arritmias, possibilitam o acompanhamento remoto dos pacientes.

Aplicativos de contagem de calorias e dispositivos inteligentes, que ajustam a insulina conforme protocolos preestabelecidos, têm antecipado o controle da diabetes, permitindo ao médico acompanhar o paciente diariamente. Essas ferramentas já estão disponíveis em grandes centros e as possibilidades são vastas.

Obesidade

Segundo o Dr. Bruno Halpern, um problema crescente na sociedade é a obesidade. Hoje 1 bilhão de pessoas são obesas, e em 10 anos, 41% da população global poderá enfrentar a obesidade. Ao contrário do que muitos acreditam, a perda de peso raramente ocorre de forma natural ou espontânea, e é improvável que uma única consulta médica resolva o problema.

Entretanto, tratamentos promissores com medicações e a consagrada cirurgia bariátrica têm mostrado resultados positivos. Estudos indicam que a semaglutida reduz o risco de morte cardiovascular em 20% e a mortalidade geral em 19%.

Além disso, há evidências de que a perda de peso deveria ser a primeira estratégia no tratamento do diabetes. O uso de inibidores de GLP-1 tem sido o foco terapêutico, mas questiona-se se inibi-los continuamente pode ser prejudicial.

Indústria farmacêutica

Dra. Marcela Caselato abordou as perspectivas da indústria farmacêutica em relação ao tratamento do sobrepeso e da obesidade. Entre as inovações, destaca-se o desenvolvimento de inibidores de GLP-1 não injetáveis.

Discussão

Diante da realidade dos brasileiros que utilizam as redes sociais para se informar sobre diversos temas, é crucial que nós, médicos, estejamos presentes nessas plataformas para compartilhar conteúdos relevantes. Muitos indivíduos pouco éticos se aproveitam da popularidade para enganar o público com informações falsas.

É nossa responsabilidade educar a população, alertando que a popularidade de um tratamento ou a quantidade de seguidores não são indicadores de sua eficácia. Precisamos ensinar o público a verificar se o médico realmente estudou a especialidade que divulga e a identificar comportamentos suspeitos de charlatanismo, como declarações de que “eu tenho a verdade, enquanto todos os outros médicos/estudos/ciência estão comprados pelo sistema”. De onde vem essa informação?

Bons médicos criam protocolos eficazes que, mais tarde, podem ser incorporados a programas de IA, ajudando os pacientes a manterem-se dentro das metas de tratamento. E, claro, os pacientes que respondem bem aos tratamentos e se comprometem com suas terapias serão os mais beneficiados pela tecnologia.

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