A medicina é uma profissão que possibilita uma vasta gama de opções profissionais. É possível optar por áreas em que predomina a assistência direta ao paciente, pela área acadêmica e de ensino, por oportunidades na área organizacional e de gestão. E mesmo dentro dessas áreas, ainda é possível direcionar suas habilidades para o atendimento a populações específicas.
No Brasil e no mundo, a diversidade cultural oferece ao médico a chance de trabalhar em comunidades cuja construção sociocultural tenha particularidades que as diferenciam do que é considerado padrão. O olhar para essas comunidades deve compreender não só as demandas em relação à saúde, como também a influência de suas crenças nas relações, para que o atendimento à saúde seja respeitoso, abrangente e eficaz.
Diversidade
Comunidades rurais, comunidades de refugiados, ciganos, indígenas, quilombolas e outros grupos, se beneficiam de uma assistência individualizada à saúde e devem ser assistidas por profissionais treinados e por programas que compreendam suas particularidades. Através de políticas públicas, criam-se espaços e material didático voltado para a capacitação dos profissionais que pretendem atuar nesse âmbito.
O Ministério da Saúde e a Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial destina algumas publicações, tais como o “Guia de diretrizes para a atenção integral à saúde das populações do campo, floresta e águas (CFA) e povos e comunidades tradicionais (PCTs)” com o objetivo de aproximar o profissional das demandas dessas populações.
Quais são os ganhos para o médico?
Os médicos que aceitam o desafio de trabalhar em comunidades com atenção às diversidades culturais se tornam profissionais mais completos e versáteis ao longo de sua carreira.
Habilidades de comunicação e adequação dos serviços oferecidos em relação às demandas do grupo são elementos fundamentais para que essa parceria funcione. Tanto na assistência quanto em atividades técnico-administrativas relacionadas à saúde, é importante a proximidade e a escuta da comunidade e a elaboração de um plano conjunto de execução do trabalho proposto.
Além da versatilidade e do aprendizado gerado pelo intercambio cultural proporcionado por essas experiências, as especificidades de cada comunidade podem trazer aquisição de novos conhecimentos, tais como o manejo de acidentes com animais peçonhentos, tratamento específico de algumas doenças infecciosas predominantes naquelas áreas, conhecimento sobre uso de plantas e outras substâncias no tratamento de doenças, assistência a desastres, dentre outros.
Dicas pessoais
No início de minha carreira, trabalhei por dois anos em uma comunidade rural e foi uma experiência muito enriquecedora, tanto no contato humano, quanto na aquisição de habilidades de comunicação e aprendizado sobre doenças que predominavam naquela região. Já tive a oportunidade de trabalhar em comunidades indígenas e quilombolas e um dos maiores desafios nesse caso, foi de adequar o que a assistência pode oferecer à real demanda daquela população.
Se você tem interesse nessa área, é importante conhecer e se inscrever em programas destinados ao atendimento dessas populações. O Ministério da Saúde possui Pólos de Saúde Indígena, a Força Nacional do SUS, que atua em catástrofes, e mesmo programas internacionais com o Médicos sem Fronteiras são voltados a selecionar médicos para trabalhos em comunidades culturalmente diversas.
Autoria

Juliana Sartorelo
Médica formada em 2006 pela UFMG, Residência em Clínica Médica, especialista em Medicina de Emergencia e Toxicologia Médica, titulada pela AMB. Mestra em infectologia e Medicina Tropical. Membro da diretoria da ABRAMEDEMG, presidente do Comitê de Toxicologia da Abramede Nacional. Membro da Comissão de Toxicologia da AMB.
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