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Anestesiologia4 junho 2021

Uso de aparelhos de anestesia para ventilação de pacientes com Covid-19

O aumento de casos de Covid-19 com hipóxia e pneumonia grave e necessidade de ventilação mecânica, amplia a necessidade de meios para tal.

Com a continuação da pandemia pelo vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, e o surgimento de novas ondas de infecção por cepas variantes e consequentemente com o aumento de pacientes em estado crítico com hipóxia e pneumonia grave e necessidade de ventilação mecânica, ocorre o aumento da necessidade de suporte ventilatório e em algumas regiões do Brasil ainda nos deparamos com locais com escassez e  desabastecimento de material e principalmente de componente eletrônicos como respiradores adequados para manter os pacientes críticos estáveis e com suporte ventilatório eficiente.

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Uso de aparelhos de anestesia como ventilador para pacientes com Covid-19

Análises recentes

Devido a isso, algumas análises utilizando carrinhos de anestesia que possuem ventiladores artificiais acoplados e muitas vezes de alta complexidade, foram realizadas para saber se o uso desses ventiladores seriam eficazes e compatíveis com o tratamento dos pacientes com Covid-19. Uma vez também que as cirurgias eletivas, encontram-se bastante diminuídas e em alguns locais até mesmo suspensas para dar vazão ao tratamento dos pacientes infectados pelo Covid-19, alguns carrinhos permanecem sem uso.

O grande problema que se enfrenta na utilização dos carrinhos de anestesia para essa finalidade, é o  fato de que ao se utilizar o respirador desses carrinhos com baixo fluxo por um período prolongado de  tempo, ocorre a saturação rápida da cal sodada, componente necessário para que não haja reabsorção do gás carbônico, e consequentemente a necessidade de trocas muito frequentes do recipiente. A troca constante desse material além de poder levar a um desabastecimento do mesmo, aumenta a chance de contaminação da equipe durante seu manuseio.

Nesse estudo realizado no Laboratório de Biofísica da Disciplina de Anestesiologia da Faculdade de  Medicina da Universidade de São Paulo, foi realizado uma análise utilizando um pulmão teste com  injeção de CO2 (250 mL.min–1). O aparelho de anestesia utilizado foi o AVANCE S/5, com o recipiente da cal sodada vazio, e foi simulado uma ventilação com pulmão com complacência normal e uma ventilação com um pulmão com complacência diminuída.

Os parâmetros ventilatórios utilizados foram:

# PULMÃO NORMAL: VC 500 mL,FR 12 irpm,VM 6 L.min–1 e PEEP de 4 cmH2O;

# PULMÃO COM COMPLACÊNCIA DIMINUÍDA: VC 300 mL, FR 40 irpm, VM 12 L.min–1 e PEEP 10 cm  H2O.

O fluxo dos gases frescos (FGF) foram sendo modificados e a fração inspirada de CO2 analisada gradativamente. Foi observado que quando se aplicava um FGF maior que até 20% do volume minuto utilizado, não se detectava a presença de gás carbônico no gás inspirado em nenhuma das duas  situações.

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De acordo com essa análise, evidenciou-se que o uso de aparelhos de anestesia para ventilação em pacientes com Covid-19 seria uma forma de grande ajuda para suprir a escassez desses materiais eletrônicos em época de alta demanda. Além disso há uma grande variedade de carrinhos fora  de utilização prontos para serem usados.

Referências bibliográficas:

  • Torres MLA, et al. Management of CO2 absorbent while using the anesthesia machine as a mechanical ventilator on patients with COVID-19. Brazilian Journal of Anesthesiology. March–April 2020;70(2):184-185. doi: 10.1016/j.bjane.2020.04.001

Autoria

Foto de Gabriela Queiroz

Gabriela Queiroz

Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Membro da American Academy of Pain Medicine ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

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