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Anestesiologia3 outubro 2024

Laringoespasmo na anestesia. Como proceder? 

A ocorrência de laringoespasmo durante o ato anestésico, é considerada uma complicação anestésica e deve ser identificada e interrompida sempre que possível.

Apesar de ser, na maioria das vezes, um evento autorresolutivo e ocasionado por fatores que podem ser evitados, em alguns cenários o laringoespasmo pode desencadear outras complicações graves e evoluir para hipóxia severa e óbito, uma vez que o ar é incapaz de entrar nos pulmões. Corresponde a 30% dos eventos respiratórios encontrados durante o procedimento anestésico, portanto, não é raro. 

Ouça também: Anestesia local – Dicas de Ouro [podcast]

Laringoespasmo na anestesia. Como proceder? 

O laringoespasmo 

Fisiologicamente pode ser definido como um reflexo exagerado do fechamento glótico principalmente devido à manipulação das vias aéreas do paciente. O reflexo do fechamento glótico é um mecanismo essencial para proteção das vias aéreas, ocorre durante a deglutição, impedindo que partículas indevidas penetrem na árvore brônquica, sendo proveniente do estímulo do nervo laríngeo superior, responsável pela inervação da epiglote, estimulando impulsos provenientes do bulbo cerebral. O laringoespasmo decorre de uma exacerbação desse reflexo com ausência da sua inibição, fazendo com que o fechamento glótico seja severo e permaneça por mais tempo. 

Durante o episódio, o paciente apresenta uma obstrução respiratória, podendo evoluir se não diagnostica e tratado a tempo, para queda da saturação de oxigênio, bradicardia e parada cardiorrespiratória. 

Caso clínico: Convulsão ao despertar

Pode ocorrer em qualquer paciente, porém é mais observado na população pediátrica devido ao maior tônus parassimpático, sendo que em recém-nascidos até três meses a incidência é maior e mais grave, devido a própria anatomia das vias aéreas. Além do fator idade, também podem ocorrer em pacientes com infecção de vias aéreas, pacientes obesos e com síndrome de Down. Fatores externos que promovam uma maior manipulação de vias aéreas também podem desencadeá-lo como por exemplo aspiração constante de vias aéreas, múltiplas tentativas de intubação, colocação de sondas ou de dispositivos facilitadores, procedimentos em cavidade oral, uso de medicações que causem sialorreia, entre outros 

Durante o procedimento anestésico, mais especificamente durante a anestesia geral, onde há maior manipulação de vias aéreas, o laringoespasmo pode ocorrer em dois momentos distintos: durante a indução, quando o paciente é intubado e durante a extubação, sendo este o momento mais frequente. 

Laringoespasmo durante a indução  

  1. Evitar excessiva manipulação de vias aéreas como aspirações.
  2. Realizar oxigenioterapia com O2 100% em CPAP. 
  3. Aprofundar o plano anestésico com agentes venosos. 
  4. Caso não consiga resolver, administrar relaxante muscular de curta latência como succinilcolina ou rocurônio em doses altas. 

Laringoespasmo durante a extubação 

  1. O laringoespasmo ocorre após a retirada do tubo, portanto deve-se imediatamente, assim que diagnosticado, ventilar o paciente com pressão positiva de aproximadamente 10 cmH2O, fazendo a elevação da mandíbula. Essa manobra afasta as cordas vocais por enfraquecer os músculos tireoidianos, facilitando a entrada de ar. 
  2. Realizar a manobra de digitopressão retroauricular: Pressionar em direção anterior, deslocando a mandíbula para frente, o ponto do laringoespasmo, que se situa atrás do lóbulo da orelha entre o processo mastóideo e o ramo mandibular. 
  3. Caso não consiga resolver, pode administrar relaxante muscular de rápida ação, como a succinilcolina e manter o paciente em ventilação positiva sob máscara. 

O melhor tratamento para o laringoespasmo ainda é a prevenção, evitando ao máximo a excessiva manipulação das vias aéreas, principalmente em pacientes de risco.

Autoria

Foto de Gabriela Queiroz

Gabriela Queiroz

Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Membro da American Academy of Pain Medicine ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

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