Introdução
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, cerca de 32% dos adultos são hipertensos, e essa prevalência aumenta significativamente com a idade. Apesar de ser uma condição amplamente conhecida, a adesão ao tratamento anti-hipertensivo continua sendo um desafio significativo.
Desafios na adesão ao tratamento
A adesão ao tratamento anti-hipertensivo é crucial para prevenir complicações graves, como doença coronária, insuficiência cardíaca, doença renal crônica e acidente vascular cerebral (AVC). No entanto, muitos pacientes, especialmente os idosos e aqueles com polifarmácia, enfrentam dificuldades em seguir o tratamento prescrito. A falta de sintomas visíveis muitas vezes leva os pacientes a subestimarem a importância da medicação.
Avaliação da adesão
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define adesão como o grau em que o comportamento de uma pessoa, como tomar medicamentos, seguir uma dieta ou mudar seu estilo de vida, corresponde às recomendações acordadas com um prestador de assistência à saúde. A adesão pode ser dividida em três componentes principais: início, implementação e descontinuação.
Métodos de avaliação
1. Questionários: São fáceis de aplicar, mas podem ter baixa acurácia devido à tendência dos pacientes de superestimarem sua adesão.
2. Contagem de comprimidos: Avalia a frequência com que o paciente retira a medicação na farmácia ou conta o número de comprimidos utilizados em um determinado período.
3. Monitores eletrônicos: Mais acurados, mas caros e podem não refletir a realidade se o paciente não tomar a medicação conforme indicado.
4. Sensores digitais: Biodegradáveis e registram o momento da ingestão da medicação, mas requerem dispositivos específicos e software instalado no smartphone.
5. Dosagem de níveis séricos: Detecta a medicação na corrente sanguínea ou urina, mas pode ser enganado se o paciente tomar a medicação apenas antes do exame.
Estratégias para melhorar a adesão
Educação do paciente
A educação é fundamental para melhorar a adesão ao tratamento. Informações sobre a doença e o tratamento devem ser individualizadas e reforçadas no momento do diagnóstico. Intervenções motivacionais também podem ser eficazes.
Simplificação do tratamento
Simplificar o regime de medicação pode facilitar a adesão. Combinações fixas de diferentes medicações em um único comprimido são ideais. Existem diversas combinações de medicações anti-hipertensivas que facilitam o tratamento, como IECA ou BRA associados a bloqueadores de canal de cálcio ou diuréticos.
Monitoramento e suporte
1. Automonitoramento da pressão arterial: Pacientes que monitoram sua pressão em casa tendem a ser mais aderentes ao tratamento.
2. Lembretes e suporte tecnológico: Ligações telefônicas, mensagens de texto e aplicativos de celular podem ajudar a lembrar os pacientes de tomar a medicação.
3. Disponibilização de medicações: Fornecer todas as medicações de uma vez pode melhorar a adesão.
Considerações finais
O manejo da hipertensão é desafiador, especialmente em pacientes com comorbidades e polifarmácia. Avaliar a adesão ao tratamento e implementar estratégias para melhorá-la são passos cruciais para o sucesso terapêutico. A educação do paciente, a simplificação do regime de medicação e o uso de tecnologias de suporte são ferramentas valiosas para alcançar uma melhor adesão e, consequentemente, melhores desfechos clínicos.
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