Um homem de 59 anos apresentou dispneia progressiva, palpitações e dor torácica de longa data, sem relação com esforços. Há antecedentes de hipertensão, dislipidemia, obesidade grau 2, diabetes e histórico familiar de doença coronariana. Embora tenha realizado exames cardíacos há três anos, os sintomas persistiram, agravados por picos de pressão alta e ausência de acompanhamento regular.
Ao exame físico, destacaram-se:
- IMC: 36 kg/m²
- Pressão arterial: 144 x 98 mmHg (média)
- Edema de membros inferiores: grau 2/4
- Estertores pulmonares e terceira bulha à ausculta cardíaca
Os exames complementares apontaram:
- Ecocardiograma: fração de ejeção reduzida (39%) e disfunção sistólica leve a moderada.
- Holter: ectopias ventriculares frequentes (4%).
- MAPA: hipertensão persistente, principalmente durante a vigília.
- Espirometria: distúrbio ventilatório obstrutivo leve.
O diagnóstico final incluiu insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida de provável etiologia hipertensiva (estágio C, classe funcional 2) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) não exacerbada.
A female doctor works at a desk in the hospital,discussing heart diseases such as coronary artery disease,arrhythmia,heart valve stenosis,heart failure congenital heart disease, emphasizing symptomsAbordagem Terapêutica
As intervenções incluíram ajustes no tratamento medicamentoso e orientações gerais:
- Substituições de medicamentos:
- Atenolol 50 mg → Metoprolol 100 mg/dia
- Olmesartana 40 mg → Sacubitril valsartana 200 mg/dia
- Início de novos fármacos:
- Eplerenone 25 mg/dia
- Furosemida 40 mg/dia
Além disso, o paciente foi orientado a buscar reabilitação física cardiopulmonar, avaliação nutricional e atualização do calendário vacinal.
Após 30 dias, o paciente relatou melhora significativa no cansaço, edema de membros inferiores e palpitações, com maior controle da pressão arterial, mas dificuldades em aderir à dieta e exercícios.
Discussão
O caso destaca a importância de selecionar betabloqueadores cardiosseletivos, especialmente em pacientes com DPOC e insuficiência cardíaca.
- Atenolol: utilizado inicialmente, tem eficácia limitada em insuficiência cardíaca e menor seletividade para receptores beta-1.
- Metoprolol: mais cardiosseletivo, é amplamente recomendado pelas diretrizes como tratamento seguro e eficaz para insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, por reduzir sintomas, morbidade e mortalidade.
Evidências clínicas reforçam a superioridade do metoprolol em relação ao atenolol, oferecendo maior segurança, flexibilidade na posologia e menor risco de broncoespasmo. Por isso, sua introdução foi um marco no manejo deste caso, complementando a estratégia terapêutica voltada para o controle dos sintomas e prevenção de complicações.
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