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Dermatologia8 novembro 2023

Qual a relação entre a gravidade da doença atópica e a qualidade de vida?

Estudo com 5.702 pacientes pediátricos avaliou o impacto da gravidade da doença atópica na qualidade de vida das crianças.

Recentemente, o periódico Pediatric Dermatology publicou o artigo The disease burden of pediatric patients with atopic dermatitis in Japan em que os pesquisadores Ohya e colaboradores descrevem os resultados do EPI-CARE na população pediátrica japonesa, com foco no impacto da gravidade da doença atópica (DA) na qualidade de vida. 

Saiba mais: É possível atuar na microbiota de pacientes com dermatite atópica?

Relação entre a gravidade da doença atópica e a qualidade de vida em crianças

Relação entre a gravidade da doença atópica e a qualidade de vida em crianças

Metodologia 

O Epidemiology of Children with Atopic Dermatitis Reporting on their Experience (EPI-CARE) foi um estudo epidemiológico transversal realizado em 18 países, coletando dados representativos de populações pediátricas com DA. O Japão foi um dos países integrantes do EPI-CARE, que também avaliou a distribuição da gravidade da DA e o seu impacto na carga de doenças no mundo real: 

  • A prevalência de DA diagnosticada em 12 meses variou de 2,7% para 20,1% na população total do EPI-CARE (N = 65.661); 
  • A prevalência de DA em 12 meses foi de 10,7% no geral, 12,9% em crianças com idade < 6 anos, 10,3% naquelas com idade entre 6 e < 12 anos e 9,1% em adolescentes (12 a < 18 anos),  na população pediátrica japonesa (N = 5.702). 

Crianças e adolescentes de 6 meses a 17 anos (ou seus cuidadores/pais) responderam a uma pesquisa online com duração de 30 minutos entre 26 de setembro de 2018 e 5 de março de 2019. Os pacientes que atenderam aos critérios do International Study of Asthma and Allergies in Childhood e tiveram um diagnóstico de DA autorrelatado foram avaliados quanto à gravidade da doença usando a “medida de eczema orientada ao paciente” (POEM). Os pesquisadores avaliaram o impacto da gravidade da DA nos sintomas (prurido, dor e distúrbios do sono), crises da doença, comorbidades atópicas, utilização de recursos de saúde, dias escolares perdidos e qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS).  

Resultados 

Dos 5.702 pacientes pediátricos japoneses, 547 (10,7%) tinham diagnóstico de doença atópica (DA) e foram incluídos nesta análise. Com base nos escores do POEM, a gravidade da DA foi: 

  • Leve: 346 pacientes (63,3%); 
  • Moderada: 177 pacientes (32,5%); 
  • Grave: 24 pacientes (4,4%).  

Em todas as faixas etárias (< 6 anos, 6 a 11 anos e 12 a 17 anos): 

  • A gravidade dos sintomas da DA aumentou com a gravidade da doença. Em adolescentes, a gravidade do prurido foi semelhante naqueles com DA moderada e grave (baixo número de adolescentes com DA grave). Os pesquisadores observaram que pontuações na escala verbal numérica para prurido foram mais baixas em adolescentes do que nas faixas etárias mais jovens, sugerindo que a percepção de coceira diminui durante a puberdade; 
  • Entre os pacientes com DA grave, 79,3% (19/24) tiveram ≥ 3 crises no último mês, com proporções numericamente mais altas de crianças < 6 anos (5/6, 83,4%) ou de 6 a < 12 anos (7/ 8, 87,5%) com ≥ 3 crises no último mês do que em adolescentes (7/10, 70,1%); 
  • A prevalência de asma e urticária alérgica variou de 38,8% a 43,5% e de 18,4% a 24,4%, respectivamente; 
  • As visitas a emergências que exigiram hospitalização nos 12 meses anteriores ao estudo foram de 2,9% nos pacientes com doença leve, 9,2% naqueles com doença moderada e 20,5% naqueles com doença grave; 
  • O número de dias de escola perdidos no último mês antes do questionário foi aproximadamente três vezes maior em indivíduos com DA moderada ou grave do que naqueles com DA leve; 
  • A QVRS foi particularmente pior em crianças de 6 a < 12 anos e adolescentes que tiveram DA grave em comparação com a forma mais leve. 

 Leia também: Importância do diagnóstico e tratamento precoce no pé torto congênito

Conclusão 

O aumento da gravidade da DA teve um grande impacto na carga da doença, aumentando a gravidade dos sintomas, a frequência das crises, as comorbidades atópicas, a utilização de recursos de saúde e as ausências escolares, piorando a QVRS. Destaca-se, portanto, a necessidade de tratamentos seguros que ofereçam controle da doença atópica em longo prazo para aumento da qualidade de vida.  

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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Referências bibliográficas

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