Logotipo Afya
Anúncio
Terapia Intensiva22 setembro 2025

PCR multiplex revela etiologia das pneumonias em imunocomprometidos graves

Estudo avaliou PCR multiplex em pacientes imunocomprometidos com pneumonia na UTI e destacou o diagnóstico rápido e o impacto na terapia antibiótica
Por André Japiassú

Pacientes imunocomprometidos estão sendo cada vez mais internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) devido à insuficiência respiratória aguda, principalmente de origem infecciosa. Estes pacientes apresentam não somente infecções por bactérias típicas, mas também por germes menos comuns e eventualmente oportunistas; além de se encontrar muitas coinfecções. A terapia antibiótica precoce e adequada é crucial para um melhor prognóstico. Técnicas de diagnóstico rápido, como a PCR multiplex, podem mostrar valor no diagnóstico e tratamento. 

Métodos 

Foi um estudo retrospectivo, unicêntrico, com 114 pacientes imunocomprometidos com insuficiência respiratória aguda e pneumonia, que necessitaram de ventilação invasiva, nas primeiras 48 horas após a intubação. Amostras respiratórias foram processadas simultaneamente para culturas comuns e PCR. O painel de PCR escolhido para o estudo continha material para detecção de 18 bactérias, incluindo atípicas e também 7 genes de resistência antibiótica (seja para Gram positivos ou negativos). O objetivo do estudo foi averiguar o desempenho do painel de PCR em comparação com as culturas comuns. 

Veja também: Pneumonia comunitária em pacientes imunocomprometidos

Resultados 

A população incluída era majoritariamente de pacientes com neoplasias hematológicas (leucemias e linfomas). Alguns pacientes também tinham doenças reumatológicas com imunossupressão e transplantes de órgãos sólidos. Quase 75% das amostras foram coletadas de lavado broncoalveolar. As culturas comuns tiveram crescimento em 40% dos pacientes e o painel PCR detectou alguma bactéria em 30%. Houve diferença significativa das espécies de bactérias entre os 2 métodos: mais bactérias Gram-negativas (Enterobacterales e Pseudomonas), S aureus e Haemophilus influenza e foram vistas com PCR; as culturas comuns também tiveram crescimentos de enterobactérias, mas conseguiu-se maior frequência de resultados de Streptococcus sp (pyogenes, agalactiae e pneumoniae) e Lactobacillus sp. O fungo Aspergillus também foi detectado através da dosagem de antígeno na amostra respiratória (20%) e no sangue (5%). E Pneumocystis jiroveci foi encontrado em 13% de amostras respiratórias com PCR. 

A concordância completa entre as duas técnicas foi de 84%, considerada muito boa. A vantagem da técnica de PCR foi identificar germes multirresistentes. Quase dois terços das bactérias identificadas por culturas comuns não foram detectadas com PCR, quase sempre comensais como Streptococci, enterococos e anaeróbios. Bactérias detectadas na cultura, mas não com PCR, eram principalmente de baixa patogenicidade ou sensíveis aos antibióticos usualmente prescritos. Se excluirmos as bactérias que não têm PCR no painel, a concordância entre este método e culturas comuns é excelente, de 89% de sensibilidade, 83% de especificidade e VPP baixo (52%) mas VPN quase 100%. Isto significa que um resultado negativo de PCR pode quase afastar resultados destas bactérias mais resistentes (como Pseudomonas e S aureus), embora as culturas comuns ainda sejam necessárias em relação às bactérias mais sensíveis, muitas vezes da microbiota habitual. 

A PCR permitiu a modificação da antibioticoterapia em 17% dos casos, principalmente com descalonamento (esta taxa significa quase 1 modificação em cada 6 pacientes com resultado disponível). Em 12% a 15% dos pacientes, a terapia antibiótica pode ser interrompida. E o tempo para obter os resultados de PCR foi entre 2,5 e 4 horas. 

Mensagens para o dia-a-dia 

Técnicas de PCR para amostras respiratórias são promissoras para auxiliar a detecção de patógenos de pneumonia em pacientes imunossuprimidos; 

  • A reunião entre culturas comuns e painel de PCR deve ser adotada para acelerar o diagnóstico etiológico nestes pacientes imunossuprimidos, e o ajuste de antibióticos pode ser mais rápido também. 

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Terapia Intensiva