Logotipo Afya
Anúncio
Terapia Intensiva3 outubro 2025

Passo a passo para o uso de antibióticos em infecções graves 

Infecções graves, como sepse, pneumonia comunitária e outras relacionadas a cateter, permanecem associadas a altas taxas de mortalidade.
Por Julia Vargas

As infecções graves, como sepse, pneumonia comunitária ou nosocomial e bacteremias relacionadas a cateter, permanecem associadas a altas taxas de mortalidade (20–50%). Apesar da importância do início precoce dos antibióticos, há um risco considerável de uso excessivo, o que contribui para eventos adversos, disbiose, infecções secundárias e resistência antimicrobiana (AMR). Cerca de 50% dos pacientes em UTI recebem antibióticos sem infecção confirmada e as estratégias de descalonamento e redução de duração ainda são pouco aplicadas.  

Iniciar e conduzir adequadamente a terapia é determinante para sobrevida, especialmente em patógenos multirresistentes (MDR), uma vez que o uso excessivo de esquemas de amplo espectro aumenta mortalidade, tempo de internação e infecções secundárias. Veja abaixo 5 passos que podem te ajudar nisso: 

antibióticos em infecções graves 

Pontos relevantes para a decisão de início

  • Choque séptico ou forte suspeita → iniciar antibiótico em até 1h. 
  • Sepse sem choque → janela de até 3h para avaliação diagnóstica, para reduzir overtreatment. 
  • Biomarcadores como PCR e procalcitonina não têm acurácia isolada suficiente, sendo necessário integrar clínica, laboratório, exame físico, exames de imagem e culturas. 
  • Estratégia de “watchful waiting” (postergar o início imediato de antibióticos em pacientes estáveis, mantendo vigilância intensiva e suporte adequado, enquanto se aguardam mais dados diagnósticos) pode ser segura em casos estáveis, especialmente em infecções nosocomiais . 
  • Testes rápidos (MALDI-TOF, PCR multiplex): reduzem tempo para identificação e resistência, mas só trazem impacto real se houver time de stewardship atuando (infecto + farmácia + microbiologia) para ajustar rápido. 

Escolha do antibiótico empírico

  • Definir a fonte provável (pulmão, abdome, trato urinário, corrente sanguínea). 
  • Definir a gravidade (choque = cobertura mais ampla). 
  • Avaliar o risco de MDR/AMR (internações recentes, uso prévio de antibiótico, colonizações). 
  • Conhecer a epidemiologia local (perfil de resistência do hospital/UTI). 

Veja também: Bacteremia na UTI: Sinais que Indicam o Desfecho

Durante o uso: 

  • Ajuste de dose é essencial em pacientes críticos devido à variabilidade do volume de distribuição e clearance (p. ex., clearance renal aumentado na sepse). 
  • Infusão prolongada/contínua de β-lactâmicos mostrou benefício clínico em RCTs e meta-análises. 
  • Monitorização terapêutica (nível sérico) deve ser usada em drogas de estreita faixa terapêutica (vancomicina, aminoglicosídeos, antifúngicos) e em cenários de risco de toxicidade ou farmacocinética alterada (CRRT, ECMO, grandes queimados, obesidade). 
  • Depuração renal aumentada é comum em jovens, trauma, sépticos → risco de subdosagem. Necessário ajustar dose ou encurtar intervalo. 

Após estabilização:  

  • Monoterapia de espectro estreito deve ser a meta  
  • Descalonamento precoce é seguro em muitas situações e deve ser prática rotineira. 
  • Combinação de classes só é indicada em situações específicas (neutropenia, infecção por A. baumannii ou S. maltophilia). 

Duração do tratamento 

  • Ensaios clínicos mostram que cursos curtos (5–7 dias) são tão eficazes quanto prolongados em pneumonia, bacteremia hospitalar e infecções intra-abdominais, desde que haja controle de foco e estabilidade clínica. 
  • Tratamentos guiados por procalcitonina podem reduzir discretamente a duração, mas a decisão deve ser individualizada e discutida em rounds multiprofissionais. 

Autoria

Foto de Julia Vargas

Julia Vargas

<div id="1716830102.741589" class="c-virtual_list__item" role="listitem" data-qa="virtual-list-item" data-item-key="1716830102.741589"> <div class="c-message_kit__background c-message_kit__background--hovered p-message_pane_message__message c-message_kit__message" role="presentation" data-qa="message_container" data-qa-unprocessed="false" data-qa-placeholder="false"> <div class="c-message_kit__hover c-message_kit__hover--hovered" role="document" data-qa-hover="true"> <div class="c-message_kit__actions c-message_kit__actions--default"> <div class="c-message_kit__gutter"> <div class="c-message_kit__gutter__right" role="presentation" data-qa="message_content"> <div class="c-message_kit__blocks c-message_kit__blocks--rich_text"> <div class="c-message__message_blocks c-message__message_blocks--rich_text" data-qa="message-text"> <div class="p-block_kit_renderer" data-qa="block-kit-renderer"> <div class="p-block_kit_renderer__block_wrapper p-block_kit_renderer__block_wrapper--first"> <div class="p-rich_text_block" dir="auto"> <div class="p-rich_text_section">Graduação em Medicina pela UNIRIO ⦁ Especialização em Medicina Intensiva pela AMIB ( PEMI) ⦁ Título de Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB (2018) ⦁ Médica Diarista da UTI do Hospital Pasteur/RJ e do Complexo Hospitalar de Niterói.</div> </div> </div> </div> </div> </div> </div> </div> </div> </div> </div> </div>

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Terapia Intensiva