Pacientes criticamente enfermos frequentemente apresentam baixa massa muscular esquelética ao serem admitidos no hospital, o que está associado a piores desfechos clínicos. Cerca de 40% dos pacientes hospitalizados apresentam baixa massa muscular esquelética, o que está associado a: maior risco de incapacidade funcional, maior risco de quedas acidentais, internações prolongadas e maior mortalidade. Em pacientes criticamente enfermos, a perda muscular pode chegar a 2% ao dia na primeira semana de UTI, tornando a massa muscular um fator determinante nos desfechos clínicos.
De maneira geral, os métodos disponíveis para avaliação da composição corporal são: circunferência do braço médio, bioimpedância (BIA), ultrassonografia (US), absorciometria de raios X de dupla energia (DXA), e tomografia computadorizada (TC). Mas em pacientes críticos: BIA e circunferência do braço são pouco confiáveis devido à sobrecarga hídrica e edema, US carece de padronização e DXA é precisa, mas tem alto custo, radiação e exige estrutura especializada. Uma vez que a TC já é amplamente usada para diagnóstico em UTI e permite avaliar massa e qualidade muscular, incluindo infiltração gordurosa (miosteatose).
Metodologia:
Esse estudo é uma revisão sistemática e meta-análise publicado em Junho de 2025 na Revista Critical Care BMC, que teve como objetivo avaliar a prevalência de baixa massa muscular e a associação entre a massa muscular esquelética medida por tomografia (TC) na região lombar e a mortalidade de curto e longo prazo em pacientes críticos internados em UTI. Foram incluídos adultos (≥18 anos) em UTI, com TC de massa muscular lombar feita até 7 dias antes ou depois da admissão e analisado como desfecho principal: mortalidade de curto prazo (UTI, hospitalar, até 28–30 dias) e longo prazo (>30 dias).
Resultados encontrados e discussão:
Foram incluídos 35 estudos (n = 9366 pacientes), com predomínio de estudos retrospectivos e unicêntricos, em populações diversas (sepse, COVID-19, trauma). A idade dos participantes variou entre 40–70 anos; sendo 62% homens. A massa muscular foi medida como índice de músculo esquelético na vértebra lombar L3.
As meta-análises mostram que a baixa massa muscular mais que dobra o risco de mortalidade a curto e longo prazo. Além disso, a prevalência combinada de baixa massa muscular esquelética foi substancial, mas com alta variabilidade e heterogeneidade entre os estudos.
Conclusão:
A massa muscular esquelética avaliada por TC no nível lombar na admissão à UTI está associada à mortalidade a curto e longo prazo e pode servir como um marcador prognóstico em pacientes gravemente enfermos. Protocolos padronizados para mensurar e definir baixa massa muscular esquelética nessa população são essenciais para melhorar a comparabilidade entre os estudos.
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