Começou hoje o XVIII Fórum Internacional de Sepse em São Paulo. O evento tem o objetivo de compartilhar e discutir novidades com todos os profissionais interessados em sepse. O foco é trazer discussões para mudar a realidade da sepse em nosso país.
Fluidos e choque séptico
O professor Jean Louis Teboul falou sobre como monitorarmos a reposição volêmica. Ele iniciou citando um artigo do professor Jean Louis Vincent que é uma ótima revisão do tema “Choque séptico”, em que são definidas quatro fases para abordagem ao choque:
- Primeira fase (recuperação): o objetivo da terapia é atingir uma pressão arterial e um débito cardíaco mínimos compatíveis com a sobrevida imediata.
- Segunda fase (otimização): o objetivo é aumentar a disponibilidade de oxigênio celular e há uma janela estreita de oportunidade para intervenções visando o estado hemodinâmico. Medidas de níveis de SvO2 e lactato podem ajudar a orientar a terapia, e o monitoramento do débito cardíaco deve ser considerado.
- Terceira fase (estabilização): o objetivo é prevenir a disfunção orgânica, mesmo após a estabilidade hemodinâmica ter sido alcançada. O fornecimento de oxigênio aos tecidos não é mais o principal problema, e o suporte dos órgãos torna-se mais relevante.
- Finalmente, na quarta fase (desmame), o objetivo é desmamar o paciente de agentes vasoativos e promover poliúria espontânea ou provocar a eliminação de líquidos por meio do uso de diuréticos ou ultrafiltração para atingir um balanço hídrico negativo.
O palestrante focou parte da sua palestra na necessidade de individualização da reposição volêmica, propondo repensarmos o clássico “30 mL/kg” de ressuscitação inicial. Como referência, trouxe um artigo de sua autoria que vale a leitura. Neste, há um fluxograma que sugere uma ressuscitação inicial com 10mL/Kg de cristaloide na primeira hora, seguido por ajustes de acordo com a resposta.
Para saber mais sobre monitorização hemodinâmica, ouça nosso podcast da parceria com ILAS com o professor Luciano Azevedo.
Mensagens práticas
Como mensagens práticas, o palestrante trouxe os seguintes pontos:
- A fluidoterapia é importante na fase inicial quando a permeabilidade capilar não está muito alterada.
- Durante as fases posteriores, relação benefício/risco deve ser cuidadosamente avaliada.
- Enfim, quando conseguirmos controlar o choque, a remoção do fluido pode ser considerada para atingir um balanço hídrico negativo.
- Sempre individualizar a fluidoterapia!
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