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Terapia Intensiva25 abril 2025

EUROBRAZIL 2025: Fisiologia do choque: elastância arterial e tônus vascular

No EUROBRAZIL 2025, foi discutido sobre a fisiologia do choque e o Dr. Daniel de Backer, da Bélgica, falou sobre a elastância arterial e controle do tônus vascular
Por Julia Vargas

Nos dias 25 e 26 de abril de 2025 acontece em São Paulo o EUROBRAZIL, congresso colaborativo entre a AMIB e a ESICM. 

Na primeira manhã, muito foi discutido sobre a fisiologia do choque e o Dr. Daniel de Backer, da Bélgica, falou sobre a elastância arterial e controle do tônus vascular. 

O interesse em analisar a elastância arterial surge da necessidade de prever se um paciente aumentará a pressão arterial após a administração de volume. A resposta pressórica à expansão volêmica é variável e nem sempre previsível, sendo importante discriminar pacientes que aumentam pressão com aumento de fluxo daqueles que não. 

A elastância arterial relaciona a pressão e o volume do vaso sanguíneo, apresentando uma curva não linear. Depende do tônus vascular, rigidez arterial, idade e outras condições do vaso. 

– Elastância estática: medida em um minuto, fácil de calcular, mas menos representativa. 

– Elastância dinâmica: corresponde à inclinação da curva pressão-volume durante variações, refletindo melhor o tônus e rigidez arterial. 

A resistência vascular sistêmica é simples de calcular no leito, usando pressão média, pressão venosa central e débito cardíaco, porém é uma medida estática e não discrimina adequadamente o tônus vascular. 

A elastância arterial dinâmica caracteriza melhor a relação entre pressão e fluxo, sendo útil para prever aumento de pressão arterial após expansão volêmica. Ela é influenciada pela variação do volume sistólico e da pressão de pulso. 

Estudos indicam um cut-off em torno de 0.9 para elastância dinâmica que separa pacientes que responderão à redução da noradrenalina com queda de pressão arterial daqueles que não. 

Em ensaios clínicos, a redução da noradrenalina guiada por elastância dinâmica mostrou menor duração do uso e menos arritmias, embora o impacto clínico geral ainda seja discutido. 

Cut-offs para elastância dinâmica variam entre 0.8 e 1, com valores abaixo de 0.8 indicando necessidade de aumento do tônus vascular via vasopressores e valores acima de 1 sugerem possibilidade de redução da pressão arterial. 

A relação entre elastância arterial e contratilidade cardíaca é chamada acoplamento ventrículo-arterial (envolve curvas pressão-volume do ventrículo e do sistema arterial) e seu valor ideal é próximo a 2, indicando adaptação ótima do coração às condições hemodinâmicas. Alterações no acoplamento indicam risco para o paciente, podendo levar a disfunções. 

Estudos laboratoriais mostram que a elastância dinâmica arterial correlaciona com o acoplamento e pode predizer resposta ao volume e vasopressores. 

Desafios na medição e perspectivas práticas 

As medições precisas requerem cateterismo cardíaco e análise detalhada da curva pressão-volume, o que é complexo e pouco prático no leito. Apesar das limitações, a elastância arterial dinâmica pode ser uma ferramenta útil para guiar terapias vasoativas e expansão volêmica. 

Ainda há necessidade de mais dados e refinamento para aplicação rotineira no leito, especialmente em choque séptico e o uso clínico deve considerar a complexidade das medições e a integração com outras variáveis hemodinâmicas. 

A avaliação do acoplamento ventrículo-arterial representa uma fronteira promissora para otimizar o manejo cardiovascular em pacientes críticos. 

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