O congresso EUROBRAZIL, evento colaborativo entre a AMIB e a ESICM, ocorreu nos dias 25 e 26, em São Paulo, e discutiu temas importantes na medicina intensiva. Nas sessões sobre nefrologia nos pacientes críticos, a Dra. Marlies Ostermann, da Inglaterra, falou sobre o acúmulo de fluidos e estratégias para remoção.
A administração de fluidos é componente essencial da ressuscitação em pacientes críticos, porém o acúmulo excessivo de fluidos, especialmente no espaço intersticial, pode ser prejudicial.
A maior parte do fluido administrado acumula-se no espaço intersticial, não permanecendo no espaço vascular, onde seria útil para perfusão orgânica e este acúmulo causa edema periférico e congestão em órgãos vitais como pulmões e rins, o que é associado a riscos e danos.
A remoção segura do fluido acumulado no espaço intersticial é complexa porque as terapias só acessam diretamente o espaço vascular.
O corpo depende que o fluido do espaço intersticial seja transferido para o vascular, mas essa capacidade é limitada e reduzida em pacientes críticos devido a disfunção endotelial, distúrbios da glicocálix, pressão oncótica reduzida e drenagem linfática prejudicada.
Remover fluido muito rapidamente pode causar instabilidade hemodinâmica, hipotensão e risco aumentado em pacientes com comorbidades ou vasoplegia.
EUROBRAZIL 2025: Confira os destaques do congresso!
Quem deve ter fluido removido?
A decisão de iniciar remoção de fluido deve considerar se o paciente está adequadamente ressuscitado e não necessita mais de fluidos para perfusão. Isto não deve ser avaliado apenas pelo balanço hídrico isolado, mas através de critérios que incluem evidência clínica e radiológica de acúmulo de fluido e ausência de necessidade de ressuscitação adicional.
Diuréticos vs Terapias Mecânicas
O descalonamento da terapia de fluidos após a fase aguda está associada a melhores resultados e evidências suportam o uso de diuréticos como terapia inicial para remoção de fluido em pacientes estáveis. O uso rotineiro de ultrafiltração como primeira linha não é recomendado, exceto em casos específicos como insuficiência renal terminal.
Diuréticos são amplamente usados por terem vantagens conhecidas e funcionamento baseado na ação nos túbulos renais, porém a resposta aos diuréticos pode ser imprevisível e insuficiente, prolongando a sobrecarga de fluido e aumentando riscos. Além disso, efeitos colaterais, como ototoxicidade, devem ser considerados, especialmente em uso prolongado.
Terapias mecânicas como ultrafiltração e terapia de substituição renal permitem remoção controlada e precisa de fluido, além de eliminar toxinas urêmicas, mas requerem expertise, são mais custosas e indicadas principalmente para pacientes com falha renal ou resistência a diuréticos.
Concluiu, portanto, que a remoção de fluido é um processo ativo que requer atenção cuidadosa, prescrição detalhada e avaliações regulares para evitar danos.
Diretrizes recentes da ESICM enfatizam a importância da prescrição cuidadosa, monitoramento contínuo e avaliação individualizada para remoção segura de fluidos.
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