Uma das dúvidas mais comuns da prática clínica da terapia intensiva é quando utilizar ou suspender a nutrição enteral em pacientes em uso de droga vasoativa.
A via gástrica transmitirá informações importantes (“melhor monitorização para perfusão do trato gastrointestinal e segurança) a respeito de intolerância à nutrição, como quando observamos resíduo gástrico aumentado (> 500 mL) ou outros sinais de intolerância.
Nos alguns casos em que a via pós-pilórica é utilizada para alimentação, mantém, no período do choque ou uso de vasopressores, uma sonda gástrica, visando vigilância quanto a sinais de intolerância.
1) Dose do vasopressor e uso da nutrição enteral
Noradrenalina
- < 0,1 ug/kg/min: mais ideal;
- 0,1 a 0,3 ug/kg/min: pode ser aceitável;
- > 0.5 ug/kg/min: risco significativo (não administrar nutrição enteral).
2) Marcadores e sugestões de segurança
1. Lactato normalizado ou em queda rápida;
2. Dose do vasopressor em queda ou estável;
3. Saturação venosa de oxigênio normal ou elevada.;
4. Demanda por fluidos em estabilidade ou ausência de sangramento ativo;
5. Limite a ressuscitação fluida excessiva com cristaloides (evitar edema intestinal)
3) Estratégia nutricional
1. Inicie com alimentação trófica por via gástrica (10 a 20 ml/h). Não iniciar com nutrição pós-pilórica.
2. Progrida a nutrição enteral de forma gradual e monitore sinais de intolerância;
3. Considere administração de fórmulas peptídicas para reduzir o consumo intestinal de O2 para absorção
4) Sinais de intolerância
1. Aumento do resíduo gástrico (> 500 mL)
2. Distensão abdominal
3. Náuseas ou vômitos
4. Dor abdominal nova
5. Elevação inexplicável do lactato após início da nutrição ou da sua progressão
6. Hipertensão intra-abdominal ou síndrome compartimental abdominal
Autoria

Vinícius Zofoli de Oliveira
Editor chefe de Terapia Intensiva da Afya ⦁ Graduação em Medicina pela UFRJ ⦁ Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da USP ⦁ Residência de Medicina Intensiva no Hospital das Clínicas da USP ⦁ Fellowship de Cardiointensivismo no Hospital Samaritano Paulista (SP) ⦁ Preceptor da Disciplina de Emergências Clínicas da USP (2019-2020) ⦁ Médico Assistente do Pronto Socorro do Hospital Universitário da USP (2019) ⦁ Médico Assistente da UTI de Pneumologia do Instituto do Coração (Incor-SP) e Médico Diarista da UTI do Hospital Samaritano Paulista ⦁ Editor do livro Manual de Condutas na Covid-19 ⦁ Coautor dos livros: Medicina de Emergência - Abordagem Prática (FMUSP), Medicina Intensiva - Abordagem Prática (FMUSP) e Manual do Residente de Clínica Médica (FMUSP) ⦁ Membro Fundador da @emergencia.simm
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