A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última semana, o primeiro estudo de terapia avançada como tratamento contra a Covid-19. Chamado de Hope, o ensaio clínico avaliará a segurança e os indícios de eficácia de um tratamento à base de células-tronco mesenquimais em pacientes hospitalizados sem ventilação mecânica invasiva.
A aprovação é para as fases 1 e 2 do estudo, que deve contar com 90 participantes, distribuídos igualmente entre os grupos de intervenção e controle.
A terapia avaliada é chamada de NestaCell®, e a pesquisa é patrocinada pela empresa brasileira Cellavita Pesquisas Científicas Ltda. A agência ressaltou que estabeleceu uma série de regras e estratégias com o patrocinador para que os pacientes sejam intensivamente monitorados durante o estudo clínico.
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Terapia avançada
Os tratamento chamados de “terapia avançada” são feitos à base de células ou genes humanos, e são considerados medicamentos especiais. As principais terapias atuais são da categoria CAR-T, medicamentos baseados em células do sangue (linfócitos T) modificadas geneticamente em laboratório, ou produtos à base de células mesenquimais, produzidos em laboratório a partir de células-tronco originadas de um indivíduo ou de bancos de células.
Entre aqueles feitos com células-tronco, ainda não há nenhum medicamento aprovado no Brasil, apenas em estudos.
Terapias para Covid-19
Até o momento, nenhum medicamento foi aprovado pela Anvisa para tratamento da Covid-19. Entre as principais evidências, os corticoides tiveram bons resultados, mas apenas em pacientes hospitalizados com suplementação de oxigênio.
Nos Estados Unidos, o remdesivir foi a primeira terapia aprovada para pessoas hospitalizadas com a infecção. Porém, não é um medicamento considerado eficaz pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diversos estudos estão em andamento. O SOLIDARITY, da OMS, apesar de não ter encontrado eficácia para os quatros medicamentos iniciais (remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir/ritonavir e interferon-β1a), está avaliando incluir novos medicamentos em seu escopo. Até agora, o estudo recrutou mais de 12 mil pessoas em 500 hospitais de mais de 30 países.
No Brasil, o grupo de pesquisadores do Coalizão avaliou hidroxicloroquina, azitromicina e dexametasona, e só encontraram resultados significativos com a dexametasona. Entre os estudos em andamento, estão:
- Coalizão IV, para avaliar papel da anticoagulação na infecção;
- Coalizão V, avaliando a eficácia da hidroxicloroquina na prevenção;
- Coalizão VI, que vai estudar o uso de inibidores da interleucina VI no tratamento;
- Coalizão VII, com avaliação da qualidade de vida pós-covid-19;
- Coalizão VIII, para estudar a eficácia do uso de antirretrovirais no tratamento.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- Anvisa aprova pesquisa com células-tronco para Covid-19. Portal Anvisa. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/anvisa-aprova-pesquisa-com-celulas-tronco-para-covid-19
- “Solidarity” clinical trial for COVID-19 treatments. WHO. https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/global-research-on-novel-coronavirus-2019-ncov/solidarity-clinical-trial-for-covid-19-treatments
- Coalizão Covid Brasil inicia pesquisas com medicamentos. BRICnet. http://bricnet.org/coalizao-covid19.html
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