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Saúde4 agosto 2021

Revisão avalia a prevalência de parasitoses intestinais no Brasil

Um estudo na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical concluiu que a prevalência de parasitoses intestinais no país é elevada.

Um estudo brasileiro publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical concluiu que a prevalência de parasitoses intestinais no país é elevada e, dessa forma, medicamentos anti-helmínticos devem ser administrados periodicamente como medida profilática, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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As infecções parasitárias são consideradas um importante problema de saúde pública devido à morbimortalidade associada e ao impacto negativo no desenvolvimento físico e intelectual, principalmente em crianças. Dessa forma, a administração profilática periódica de agentes antiparasitários contra helmintos transmitidos pelo solo é recomendada pela OMS para grupos de risco em áreas com elevada prevalência de infecções helmínticas.

O objetivo é controlar não somente as parasitoses, mas também a carga dessas doenças. Um programa de administração em massa de albendazol foi implementado pelo Ministério da Saúde (MS) brasileiro nos últimos anos. No entanto, não há dados publicados sobre a prevalência de parasitoses intestinais em grandes amostras populacionais de diferentes regiões do país para avaliar a eficácia desse tipo de tratamento e se deve ser usado (e, em caso afirmativo, com que frequência).

Revisão avalia a prevalência de parasitoses intestinais no Brasil

Metodologia da análise recente

Com o objetivo de avaliar a prevalência de infecções parasitárias intestinais no Brasil, pesquisadores de Sergipe conduziram o estudo Prevalence of intestinal parasitic infections in Brazil: a systematic review, registrado no PROSPERO. A pesquisa consistiu em uma revisão sistemática por meio de busca na literatura encontrada nas bases de dados PubMed, LILACS e SciELO, seguida de metanálise das proporções dos estudos publicados em inglês, português e/ou espanhol no período entre janeiro de 2000 e maio de 2018. 

Quarenta estudos atenderam aos critérios de inclusão e englobaram amostras de crianças, adolescentes, adultos e idosos das cinco regiões brasileiras. Um estudo descreveu resultados das regiões Norte e Nordeste. Dentre eles, o teste laboratorial mais utilizado para análise de fezes foi o método de sedimentação espontânea por Hoffman-Pons-Janner (75%), seguido da técnica de Kato-Katz (22,5%), e do método de Faust e Cols (20%). Alguns estudos usaram somente um desses métodos e alguns aplicaram um deles em combinação com outro tipo de teste. 

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A população foi dividida em duas faixas etárias: maiores e menores de 18 anos. Em 80% dos estudos (32/40), as amostras populacionais incluíram indivíduos com idade inferior a 18 anos. Dezesseis estudos forneceram informações adicionais sobre as características da população: 

  • Crianças de creches e escolares – cinco estudos em cada uma dessas duas populações;
  • Indígenas, quilombolas, moradores de áreas rurais, órfãos, assentados e crianças de uma área do Programa Saúde da Família – um estudo em cada uma dessas populações.

Informações adicionais sobre a população amostral também foram descritas em seis dos oito estudos que avaliaram indivíduos com mais de 18 anos:  

  • Manipuladores de alimentos e catadores de lixo – dois estudos em cada uma dessas duas populações;
  • Presidiários e pacientes com câncer – um estudo em cada uma dessas populações.

A metanálise identificou uma prevalência de parasitoses intestinais de 46% em todo o território brasileiro, com uma  heterogeneidade de 99%: região Sudeste – 37%; região Centro-Oeste – 41%; região Nordeste – 50%; região Sul – 51%, e região Norte – 58%.

Quando foram avaliados os dados de estudos conduzidos na faixa etária pediátrica (crianças e adolescentes, com menos de 18 anos), foi identificada uma prevalência de 48%, com uma heterogeneidade de 99%: região Sudeste – 37%; região Nordeste – 53%; região Norte – 58%; região Centro-Oeste – 65%, e região Sul – 65%.

Apesar desses resultados, os pesquisadores descreveram que a maioria dos estudos avaliou populações específicas, o que pode ter criado viés de seleção. Todavia, destacam que a pesquisa incluiu a maioria dos estudos já publicados e a maior população já considerada.

Mensagem final

A relevância desse estudo está no fato de que demonstrou o qual elevada é a prevalência de parasitoses intestinais no Brasil nas cinco regiões, especialmente em populações de risco. Esses resultados, portanto, indicam que as recomendações da OMS para a administração em massa de anti-helmínticos profiláticos para crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, dependendo da região em que vivem, deve ser feita uma vez ao ano em populações com prevalência acima de 20% ou duas vezes ao ano (uma vez por semestre) quando a prevalência é superior a 50%. De todo modo, é necessária a realização de novas pesquisas cujos objetivos sejam analisar os desfechos da vermifugação no país para servir de base para a tomada de decisões sobre políticas públicas voltadas para o controle da infecção parasitária. Em longo prazo, a meta deve considerar uma série de fatores socioambientais para fornecer uma solução duradoura para esse importante problema de saúde pública. Esses fatores compreendem, entre tantos elementos, mínimas condições de moradia e de saneamento básico, além de instruir as populações sobre higiene pessoal e coletiva. 

 

Referências bibliográficas:

  • Celestino AO, Vieira SCF, Lima PAS, et al. Prevalence of intestinal parasitic infections in Brazil: a systematic review. Rev Soc Bras Med Trop. 2021;54:e00332021. Published 2021 Jun 2. doi:10.1590/0037-8682-0033-2021
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