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Estudantes de Medicina e residentes poderão ter assistência psiquiátrica e psicológica, segundo o Projeto de Lei do Senado (PLS) 157/2017. A obrigação de dar o suporte será das instituições aos quais os residentes estão vinculados, como hospitais universitários e universidades. O projeto tramita em decisão terminativa na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Caso seja aprovado, segue para a Câmara dos Deputados.
A medida está contida no Projeto de Lei nº 10105/18, do Senado, de autoria da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE), que altera as leis nº 6.932/81, que trata da residência médica, e nº 12.871/13, que instituiu o Programa Mais Médicos.
“A realidade do ambiente de trabalho médico mudou muito nos últimos anos. Houve incremento de tecnologia, mas, por outro lado, cresceu a demanda e aumentaram também os problemas de estrutura e de recursos humanos. Esse quadro sobrecarrega o residente em um momento extremamente delicado de sua trajetória, com consequências negativas para todos”, afirma Sérgio Palma, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), entidade que contribuiu com informações sobre a situação de trabalho imposta aos médicos na etapa da residência para a elaboração do documento ao repassar subsídios aos parlamentares.
Importância da aprovação do projeto
De acordo com uma pesquisa realizada com mais de 15 mil médicos, de idades entre 28 a 70 anos, as taxas de burnout, depressão e suicídio têm aumentado em decorrência do esgotamento profissional. Entre os principais sintomas, estão: perda do entusiasmo e do sentimento de realização pessoal, distanciamento emocional e exaustão física e mental.
Na visão da psicóloga clínica e psicanalista Priscila Gasparini Fernandes, a aprovação deste projeto em âmbito nacional seria de extrema importância, pois os médicos residentes e estudantes se sentiriam mais equilibrados e em condições de lidar com os estudos e atendimentos necessários.
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“São muitas horas de estudo, muitos trabalhos, provas, iniciações científicas, ligas, e os estudantes têm que se organizar para conseguir aprovações em todas as áreas. E quando se inicia a residência, a rotina tende a ficar mais puxada, pois além do trabalho nos hospitais, há também as matérias que precisam ser cumpridas e o nível de estresse é muito grande. Por isso, é necessário o acompanhamento psicológico e até psiquiátrico, muitas vezes”, explica Priscila Fernandes, especialista que possui especialização em neuropsicologia e neuropsicanálise, com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo.
Segundo a profissional, a depressão, a ansiedade e o estresse não tratados podem agravar e comprometer o rendimento profissional. “Nos casos de hospitais públicos há uma demanda muito grande de pacientes e o tempo acaba sendo curto para tantos atendimentos, o que acarreta muita frustração por não conseguir dar a assistência adequada, podendo gerar até um quadro de depressão”, enfatiza Priscila Fernandes, que complementa que “é importante que o profissional de Medicina tenha uma qualidade psíquica adequada para que possa trabalhar com responsabilidade e foco, conseguindo assim dar um bom atendimento e ajudar o paciente com as suas queixas”.
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Referências:
- http://www.sbd.org.br/noticias/avanca-projeto-que-obriga-instituicoes-a-oferecer-suporte-psiquiatrico-e-psicologico-a-residentes/
- https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/11/30/projeto-preve-assistencia-psiquiatrica-e-psicologica-para-estudantes-de-medicina
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