A Fundação de Pesquisa em Diabetes Juvenil (Juvenile Diabetes Research Foundation, JDRF, em inglês) desenvolveu uma plataforma capaz de quantificar o número de casos de diabetes mellitus tipo 1 (DM1) globalmente, e em cada país especificamente, incluindo o Brasil.
O T1DIndex foi desenvolvido por especialistas e parceiros em todo o mundo, entre os quais a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
“Esse estudo é muito importante para que os governos, as entidades médicas e os profissionais de saúde possam se preparar melhor para cuidar das pessoas que convivem com diabetes”, explicou o presidente da SBD, Levimar Araújo.
Segundo o artigo, publicado no Lancet, dia 14 de setembro, os dados globais são surpreendentes. Confira os principais resultados:
- A expectativa de vida para uma criança com diagnóstico de diabetes aos 10 anos é de 13 anos em países de baixa renda. Em condição semelhante, a expectativa de vida é de 65 anos em países de alta renda.
- Óbitos por diabetes tipo 1 sem diagnóstico ocorrem mesmo as pessoas apresentando sintomas da doença por um período de 12 meses.
- O número médio de perda de anos de vida saudável por causa da diabetes é de 33,2 anos (quando diagnosticado aos 10 anos).
- Redução da expectativa de vida em 24,5 anos.
- Uma medida adicional de glicose domiciliar (realizada por punção na ponta do dedo e lida por aparelho que mede a glicose em casa), utilizada em seu controle, restitui 1,3 hora de vida saudável para a pessoa com DM1.
Dados sobre diabetes tipo 1 divulgados em relação ao Brasil
Em relação ao Brasil, os números seguem preocupantes, pois existem 588 mil pessoas convivendo com o DM1. Neste ano, a previsão é de quase 235 mil óbitos.
A taxa de crescimento do DM1, comparado ao crescimento populacional desde 2000, é de 5% ao ano. A previsão é que, em 2040, o país tenha 1,8 milhão de indivíduos com DM1.
Um outro dado revelador do estudo é que, desde o ano 2000, a taxa de crescimento no número de pessoas com DM1 aumentou até quatro vezes mais que a taxa de crescimento populacional. Os especialistas explicam que isso é grave, uma vez que a enfermidade causa profundo impacto humano, emocional e financeiro na população.
Por que a plataforma é tão importante?
Os pesquisadores envolvidos ajustaram um modelo de doença-morte em tempo discreto (modelo de Markov) aos dados sobre incidência de DM1 e mortalidade associada ao diabetes tipo 1 para produzir prevalência, incidência, mortalidade associada e expectativa de vida de diabetes tipo 1 em todos os países.
Dados de incidência e mortalidade de DM1 estavam disponíveis em 97 e 37 países, respectivamente. As taxas de diagnóstico foram estimadas usando dados de uma pesquisa com especialistas. A mortalidade foi modelada usando regressão aleatória de floresta de dados publicados de mortalidade por DM1, e a expectativa de vida foi calculada de acordo usando tabelas de vida. As estimativas foram validadas em relação aos dados de prevalência observados para 15 países.
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A carga do diabetes tipo 1 em 2021 é vasta e espera-se que aumente rapidamente, especialmente em países com recursos limitados. A maioria dos casos incidentes e prevalentes é formada por adultos. A substancial prevalência ausente destaca a mortalidade prematura do DM1 e uma oportunidade de salvar e prolongar a vida das pessoas com diabetes tipo 1. Nosso novo modelo, que será disponibilizado publicamente como o modelo do Índice de Diabetes Tipo 1, será uma ferramenta importante para apoiar médicos, prestação de serviços de saúde, diferentes esferas do governo, advocacia e decisões de financiamento para o diabetes tipo 1”, diz o estudo.
“Esse crescimento vai impactar de maneira significativa os indivíduos com DM1, cuidadores, governos e sistemas de saúde. No entanto, muito pouco está sendo feito para evitar que isso ocorra”, destacou o presidente da SBD, Levimar Araújo.
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