Em um estudo retrospectivo de casos, pesquisadores brasileiros associaram a artrogripose em crianças à infecção congênita do Zika. O artigo foi publicado esse mês na revista BJM e acrescenta mais um item à lista de condições causadas pelo vírus.
Pesquisadores brasileiros analisaram os dados de sete bebês com infecção congênita, presumidamente causada pelo Zika, que tiveram microcefalia e artrogripose. Eles foram submetidos à avaliações neurológicas e ortopédicas, neuroimagem, ultrassom, estudos de condução nervosa e eletromiografia.
Seis crianças (86%) tinham artrogripose em ambos os braços e pernas, e todas as sete tiveram luxação bilateral do quadril. Outras alterações articulares incluíram pé torto (86%), contratura no joelho (71%) e hiperextensão com subluxação do joelho (43%); camptodactilia (86%), hiperextensão do cotovelo (57%), adução do polegar (71%) e abdução do polegar (29%).
Todas as crianças também demonstraram calcificação cortical, volume cerebral reduzido, ventriculomegalia e hipoplasia do tronco cerebral e cerebelo. Os pesquisadores observaram que a presença de malformações corticais sugere que a infecção, provavelmente, ocorreu dentro dos primeiros cinco meses de gravidez.
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Os autores observaram que nesses pacientes a artrogripose não estava relacionado com as anormalidades das próprias juntas e foi, possivelmente, de origem neurogênica, com o envolvimento crônico de neurônios motores centrais e periféricos, levando à deformidades como resultado de posturas fixas no útero.
Os autores do estudo sugerem que a fisiopatologia dessa condição pode estar relacionado com o tropismo do vírus pelos neurônios motores superiores e inferiores, ou em alteração vascular embrionária afetando estes dois segmentos.
Por isso, um alerta para os médicos: o vírus Zika deve ser considerado para o diagnóstico de recém-nascidos com infecções congênitas e artrogripose, concluem os autores.
Referências:
- BMJ 2016;354:i3899
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