A onda de calor que atinge a cidade do Rio de Janeiro não é novidade para os residentes da cidade, que precisam encontrar formas de driblar as altas temperaturas. Entretanto, a preocupação dos moradores não deve ser só aproveitar os dias ensolarados já que o calor extremo está relacionado diretamente com o aumento da mortalidade na capital fluminense, segundo pesquisa da Fiocruz.
A pesquisa, realizada pelo doutorando da Escola Nacional de Saúde Pública, Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), e pelo pesquisador do Centro de Inteligência Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, João Henrique de Araujo Morais, aponta que o risco é maior para idosos e pessoas com doenças como diabetes, hipertensão, Alzheimer, insuficiência renal e infecções do trato urinário.
O trabalho analisou 466 mil registros de mortes naturais ocorridas entre 2012 e 2024, e mais de 390 mil mortes por 17 causas selecionadas — entre elas, 12 mostraram alta da mortalidade para idosos no calor extremo.
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Nova métrica
O estudo ainda desenvolveu a métrica Área de Exposição ao Calor (AEC), uma nova forma de medir a exposição ao calor e os riscos relacionados, que considera o tempo que uma pessoa fica exposta ao calor. Isso porque, segundo o estudo, o tempo de exposição ao calor intenso está relacionado diretamente com a mortalidade, principalmente entre pessoas mais vulneráveis. A ferramenta se mostrou mais eficiente do que outras métricas para identificar dias de calor extremo e auxiliar na prevenção das possíveis consequências.
Calor extremo
Em meados fevereiro, o Rio de Janeiro atingiu o nível 4 de calor desde a implementação do Protocolo de Calor, ou seja, houve registro de temperatura superior a 40 °C, por pelo menos 4 horas ou mais. Segundo o estudo da Fiocruz, o registro de nível 4 de calor está associado a um aumento de 50% na mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes e insuficiência renal entre idosos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a frequência e intensidade do calor extremo e das ondas de calor continuará a crescer no século 21 devido às mudanças climáticas.
Nessas condições de calor extremo, a incapacidade do corpo de regular a temperatura interna e eliminar o ganho de calor aumenta o risco de exaustão e insolação. A tensão exercida sobre o corpo enquanto ele tenta se resfriar também estressa o coração e os rins, causando a piora de condições crônicas (cardiovasculares, mentais, respiratórias e relacionadas ao diabetes) e causando lesão renal aguda.
Em 2024, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) chamou a atenção para o alto risco de calor extremo, principalmente para as pessoas que trabalham expostas ao sol.
Outro estudo, esse publicado na revista Nature Communications, ainda apontou que o risco de mortalidade associado ao calor é um problema global e com rápido crescimento. O artigo em questão analisou 748 locais em 47 países diferentes e concluiu que o que costumavam ser temporadas extremas de mortalidade relacionadas ao calor (1 em 100 anos) agora estão se tornando frequentes e esperadas a acontecer de 2 a 5 anos.
Problema Global
O mês de janeiro de 2025 foi o janeiro mais quente já visto globalmente, de acordo com o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia. A temperatura do planeta registou 1,75 °C com temperatura do ar na superfície de 13,23 °C.
Além do Rio de Janeiro e de cidades de todo Brasil, países como Estados Unidos, Canadá, Índia, Arábia Saudita e Grécia também registraram alertas e fatalidades em 2024, diante das altas temperaturas.
Cuidados
Para mitigar os danos causados pelo calor extremo, é importante que a população tenha acesso à informação sobre os riscos da exposição a altas temperaturas. Hidratação contínua e uso de protetor solar também são medidas necessárias para reduzir os danos da onda de calor.
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*Esse artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya
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