Paciente tem seu braço amputado por causa de um tumor maligno, revelado por uma biopsia. Após o procedimento, ele descobre que o tumor era, na verdade, benigno. Esse é um caso real e apenas um dos muitos exemplos de falsos positivos, problema muito comum, que pode gerar consequências graves.
A descoberta de um falso positivo é, geralmente, uma boa notícia. O paciente não tem uma terrível doença. O problema é que os falsos positivos também levam a consequências graves, como amputações desnecessárias, histerectomias, além de traumas emocionais permanentes.
Resultados errôneos que mostram a presença de DSTs, por exemplo, podem causar dissolução de famílias e, até mesmo, suicídio. Imagine como a vida de alguém pode mudar quando ele/ela é informado que está em estado terminal e tem poucos meses pela frente.
Os falsos positivos
De acordo com pesquisadores, o número de diagnósticos errados por causa de falsos positivos é muito maior do que se pensa.
Um estudo feito pelo National Institutes of Health analisou os registros de 68.436 pacientes, que participaram de um ensaio clínico de rastreio de câncer de próstata, pulmão, colorretal e ovário. O objetivo foi determinar o risco cumulativo de um falso positivo.
A conclusão foi surpreendente: para um indivíduo em um ensaio de rastreio de câncer multimodal, o risco de um resultado falso positivo é de cerca de 50% ou mais pelo 14º teste. O risco cumulativo de se submeter a um procedimento invasivo solicitado por um falso positivo é de 28,5% para os homens e 22,1% para as mulheres.
Exames para outras doenças, como hepatite C ou HV, também podem gerar falsos positivos. Os médicos podem agir para proteger seus pacientes, e eles próprios, de um diagnóstico errado. Existem maneiras de minimizar a lesão, a dor e a probabilidade de processo por parte de falsos positivos.
Mais sobre cuidados com o paciente:
– O que você pode fazer para evitar que seus pacientes faltem a consulta?
– Porque alguns pacientes não estão seguindo suas orientações
– Quando 99% do nosso esforço é direcionado a apenas 1% dos nossos pacientes
– Pacientes estão cada vez mais ativos em relação à sua própria saúde
– Você deixa seus pacientes esperando?
– Você conhece seu paciente?
Como evitar problemas
- Casos especiais
Os médicos devem alertar seus pacientes sobre casos especiais, no quais um aspecto pode alterar o resultado dos exames. Por exemplo: tinta de tatuagem.
Uma mulher de 32 anos de idade foi diagnosticada com câncer cervical. Ela tinha tatuagens nas pernas. O exame identificou dois linfonodos e suspeita de câncer metastático. No momento da cirurgia, foram identificados nódulos linfáticos pigmentadas bilaterais com exame histológico mostrando deposição de tinta de tatuagem, sem células malignas.
Por isso, os médicos devem estar cientes de possíveis efeitos adversos, como por exemplo nas tatuagens, e aconselhar os pacientes durante a formulação de um programa de tratamento.
- Consulte outros médicos
O resultado positivo é inconsistente com a história e quadro clínico geral? Então, é necessária avaliação adicional. O médico deve repetir o teste, obter mais informações do paciente, e considerar outros testes.
Patologistas, radiologistas e médicos assistentes devem conversar entre si quando um resultado questionável é relatado.
- Seja claro com seu paciente sobre resultados de exames
Os médicos podem fazer mais para explicar as limitações dos testes. Converse e diga por que o resultado do exame pode ser inconclusivo e necessitar de mais testes.
Muitos laboratórios permitem que as pessoas acessem resultados de exames através da Internet. Ou seja, seu paciente, provavelmente, verá o resultado antes de você. E isso aumenta as chances de interpretações erradas. Por isso, é importante que os médicos avisem aos pacientes sobre resultados falso positivo e a necessidade de testes adicionais para confirmar o diagnóstico.
O dano emocional e físico causado por tratamentos desnecessários devido a um falso positivo é real, devastador e, muitas vezes, não pode ser recompensado. Fique atento!
Referências:
- Ong MS, Mandl KD. National expenditure for false-positive mammograms and breast cancer overdiagnoses estimated at $4 billion a year. Health Aff (Millwood). 2015;34:576-583.https://content.healthaffairs.org/content/34/4/576.abstract.
- Croswell JM, Kramer BS, Kreimer AR, et al. Cumulative incidence of false-positive results in repeated, multimodal cancer screening. Ann Fam Med. 2009;7:212-222. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19433838.
- Grove N, Zheng M, Bristow RE, et al. Extensive tattoos mimicking lymphatic metastasis on positron emission tomography scan in a patient with cervical cancer. Obstet Gynecol. 2015;126:182-185.https://journals.lww.com/greenjournal/Abstract/2015/07000/Extensive_Tattoos_Mimicking_Lymphatic_Metastasis.28.aspx.
- LaFlamme M. Greene man wins $200,000 lawsuit for cancer misdiagnosis. Bangor Daily News. June 14, 2013.https://bangordailynews.com/2013/06/14/news/lewiston-auburn/greene-man-wins-200000-suit-for-cancer-misdiagnosis/.
- Mark Templin v. the United States of America, U.S. District Court for the District of Montana, Helena Division. May 6, 2013.
- Kreisman R. Jury finds for doctor in claim of cancer misdiagnosis—Chouinard v. Atkinson. Chicago Medical Malpractice Attorney Blog. January 31, 2012. https://www.robertkreisman.com/medical-malpractice-lawyer/2012/01/jury_finds_for_doctor_in_claim_1.html.
- Brown v. Philadelphia College of Osteopathic Medicine. Superior Court of Pennsylvania. August 30, 2000.https://caselaw.findlaw.com/pa-superior-court/1446663.html.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.