A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) pretende aumentar o diagnóstico e o manejo da febre chikungunya nas Américas, uma vez que o crescimento dos casos requer medidas mais fortes nestes continentes.
O Brasil liderou o número de notificações na região em 2022, quando a doença causou 95 óbitos em 13 países. O total de casos foi quase o dobro dos 137 mil de 2021.
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Resumo da situação atual da febre chikungunya
Entre a semana epidemiológica (SE) 1 e a SE 52 de 2022 foram notificados 271.176 casos de chikungunya, incluindo 95 óbitos, em 13 dos países e territórios da região das Américas. Esse número é superior ao observado no mesmo período de 2021 (137.025 casos, incluindo 12 óbitos). Durante as primeiras quatro semanas epidemiológicas de 2023, foram notificados 30.707 casos e 14 óbitos por chikungunya.
Estes aumentos no número de casos de chikungunya e óbitos, além dos relatados nos últimos anos, somam-se à circulação simultânea de outros arbovírus, como dengue e Zika, ambos transmitidos pelos mesmos vetores, Aedes aegypti (mais prevalente) e Aedes albopictus, que estão presentes em quase todos os países e territórios das Américas.
Além disso, diversos países da região – especialmente no Cone Sul – terão um aumento de temperatura relacionado à estação do verão na primeira metade de 2023, o que, dependendo de sua magnitude e impacto nas áreas endêmicas de arboviroses, poderia constituir uma carga adicional dessas doenças para os sistemas de saúde nas áreas afetadas.
Por isso, os especialistas alertam que é muito importante que todo o hemisfério sul esteja extremamente vigilante e preparado para intensificar as ações de prevenção e controle de qualquer aumento nos casos de arbovirose na primeira metade de 2023, especialmente da chikungunya, dado o acúmulo de suscetíveis após oito anos do grande surto epidêmico desta enfermidade em 2014.
Ainda não existe vacina aprovada ou tratamento específico para a febre chikungunya transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e do zika. Os sintomas da doença incluem febre alta, dores articulares, musculares ou de cabeça. O óbito após um quadro grave acontece principalmente em gestantes, crianças menores de um ano, idosos e pessoas com comorbidades.
Apelo para o fortalecimento da vigilância, triagem, diagnóstico e tratamento
O apelo aos estados-membros é que continuem “fortalecendo a vigilância, a triagem, o diagnóstico e o tratamento oportuno e adequado” da chikungunya e de outras enfermidades transmitidas por mosquitos.
O braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas também pede maior capacidade e a preparação dos serviços de saúde, com planos de triagem e reorganização em caso de surtos, além do reforço das redes de atendimento.
As recomendações de vigilância incluem regras sobre o teste molecular de laboratório RT-PCR, cuidados específicos para pacientes em diferentes níveis de atenção, análise de estágios de infecção e treinamento.
Conforme a entidade internacional, as principais formas de proteção são baixar a transmissão, mobilizar as comunidades para reduzir e eliminar os criadouros do mosquito.
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Adequação dos serviços de saúde
Em vista do recente aumento na incidência de chikungunya em algumas áreas das Américas, os estados membros estão sendo convidados a adaptar seus serviços de saúde para fornecer uma resposta oportuna e correta à população em todos os níveis de atenção. Confira as ações que devem ser tomadas:
- Organização da triagem, fluxo de pacientes, vigilância clínica e áreas de hospitalização em cada instituição, nos diferentes níveis de atenção;
- Reorganização dos serviços de saúde em situações de surto/epidemia em diferentes níveis de atenção ao paciente;
- Fortalecimento das redes de atenção aos pacientes no diagnóstico, manejo e monitoramento de pacientes com suspeita de chikungunya em todas as suas etapas, incluindo a fase crônica.
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