Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou sua lista de medicamentos essenciais para incluir tratamentos mais atuais para câncer e diabetes. Entre esses medicamentos estão presentes pela primeira vez os medicamentos análogos ao GLP-1 (semaglutida, dulaglutida e Liraglutida) e agonistas do receptor de GIP (tirzepatida).
Publicada pela primeira vez em 1977, com o intuito de promover melhor acesso a medicamentos em países em desenvolvimento, as Listas de Medicamentos Essenciais da OMS são uma ferramenta de política global para decisões relacionadas à seleção e cobertura universal de medicamentos em todos os sistemas de saúde. “As novas edições das listas de medicamentos essenciais marcam um passo significativo para expandir o acesso a novos medicamentos com benefícios clínicos comprovados e com alto potencial de impacto na saúde pública global”, afirmou a Dra. Yukiko Nakatani, Diretora-Geral Adjunta de Sistemas de Saúde, Acesso e Dados.
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Agonistas GLP-1 e GIP
A inclusão dos agonistas GLP-1 e GIP na listagem da OMS havia sido analisada em atualizações anteriores, mas apenas neste ano depois de revisarem diversos estudos sobre os efeitos desses medicamentos sobre a população alvo, é que os especialistas da organização optaram pela sua inclusão. Contudo, a indicação foi restringida para o uso somente para pacientes diabéticos com comorbidades. Ainda não sendo considerado válido o uso que se tornou o mais popular dessas substância, para emagrecimento de pessoas obesas sem comorbidades.
“O Comitê de Especialistas não recomendou a inclusão de agonistas duplos de GLP-1 e GLP-1/GIP na EML para o tratamento de pessoas com obesidade sem as comorbidades mencionadas acima (diabetes mellitus tipo 2 e doença cardiovascular estabelecida ou doença renal crônica) devido a evidências limitadas e menos maduras de benefício para desfechos cardiovasculares e mortalidade nessa população e à falta de dados sobre segurança a longo prazo.” relatam os especialistas dentro do relatório
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Além disso, para a organização os altos preços desses tipos de medicamentos limitam o acesso daqueles que mais se beneficiariam dos tratamentos. A OMS aponta que seria necessário incentivar a concorrência de genéricos para reduzir os preços e disponibilizar esses tratamentos na atenção primária, e que isso seria essencial para expandir o acesso e melhorar os resultados em saúde.
“Uma grande parcela dos gastos diretos com doenças crônicas não transmissíveis é destinada a medicamentos, incluindo aqueles classificados como essenciais e que, em princípio, deveriam ser financeiramente acessíveis a todos”, disse Deusdedit Mubangizi, Diretor de Políticas e Padrões para Medicamentos e Produtos de Saúde da OMS. “Alcançar o acesso equitativo a medicamentos essenciais exige uma resposta coerente do sistema de saúde, apoiada por forte vontade política, cooperação multissetorial e programas centrados nas pessoas que não deixem ninguém para trás.”
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.
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