Em coletiva de imprensa realizada hoje, 11, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, SARS-CoV2, como pandemia. Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a demora para a definição como pandemia se deu por ser uma palavra perigosa pelas interpretações que pode gerar, mas que o aumento em mais de 13 vezes do número de casos externos à China e as mais de 4 mil mortes justificam a nova classificação.
Os dados apresentados pela organização apontam mais de 118 mil casos em 114 países, com 4.291 mortes. Apesar disso, 90% dos casos estão em apenas na China, Itália, Irã e Coreia do Sul, sendo que a China e Coreia do Sul já estão controlando o vírus. Ainda assim, é esperado que o número de casos continue crescendo no mundo, por isso o controle da transmissão é extremamente importante, e os países devem continuar trabalhando nisso.
“Nunca vimos uma pandemia provocada por um coronavírus, e estamos respondendo da melhor maneira desde os primeiros casos. Convocamos diariamente todos os países a tomarem ações urgentes. […] A contenção do vírus ainda é o mais importante neste momento”, declarou o diretor-geral.
No Brasil, já são 34 casos confirmados em oito estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Alagoas e Distrito Federal.
Covid-19
Os casos de doença respiratória começaram na cidade de Wuhan, na China, no dia 31 de dezembro, sendo confirmado como uma nova cepa do coronavírus no dia 7 de janeiro. As autoridades chinesas divulgaram o sequenciamento genético do vírus para que os outros países pudessem identificar de forma mais rápida os casos da doença. A OMS fez o primeiro alerta sobre a doença na segunda semana do mês de janeiro.
A disseminação do vírus para outras regiões aconteceu ainda no início de janeiro, incluindo para os territórios independentes chineses Taiwan, Hong Kong e Macau. Apesar de ter sido considerado como controlado no início de fevereiro, o surto do novo coronavírus voltou a crescer, por volta do dia 20 do mês, em países externos à China, em especial na Itália e Irã, fazendo com que se espalhasse rapidamente pela Europa, países árabes e até outros continentes, como o Brasil, cujos primeiros casos são de pessoas que viajaram para países europeus.
Principais textos sobre o coronavírus:
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- Doação de sangue: atualização dos critérios após epidemia de coronavírus
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Identificação e diagnóstico
Os sintomas mais comuns apresentados são de uma infecção respiratória: febre, tosse, falta de ar e dificuldade de respirar, mas casos mais graves podem apresentar pneumonia e síndrome respiratória aguda grave.
São considerados casos suspeitos:
- Febre + pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) + histórico de viagem para área com transmissão local (países atualizados recentemente) nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU
- Febre + pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) + histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus (Covid-19), nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU
- Febre OU pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) + contato próximo de caso confirmado de coronavírus (Covid-19) em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas.
O diagnóstico é feito com exames de aspirado de nasofaringe (ANF) ou swabs combinado (nasal/oral) ou também amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado bronca alveolar). O profissional deve realizar duas coletas de amostras e encaminhar para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Uma das amostras será enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e outra amostra será enviada para análise de metagenômica. A confirmação acontece quando há detecção do RNA viral.
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Os casos suspeitos, prováveis e confirmados devem ser notificados de forma imediata (até 24 horas) pelo profissional de saúde responsável pelo atendimento. As informações devem ser inseridas na ficha de notificação, neste link, e a CID10 que deverá ser utilizada é a: B34.2 – Infecção por coronavírus de localização não especificada.
Referências bibliográficas:
- https://www.who.int/dg/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19—11-march-2020
- http://plataforma.saude.gov.br/novocoronavirus/
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