Estudo publicado na revista Investigative Radiology mostrou que um modelo de Inteligência Artificial apresentou um alcance de sensibilidade de 91,8% na detecção de câncer de pâncreas em tomografias computadorizadas (TC) no momento do diagnóstico, e 53,9% em exames realizados um ano ou mais antes do diagnóstico. O modelo também demostrou uma sensibilidade de 82,9% na detectação do câncer de pâncreas em estágio I, mostrando um potencial da IA para diagnóstico precoce.
A pesquisa, liderada por Laura Degand, mestre em ciências do Novo Nordisk Foundation Center for Protein Research, avaliou o PANCANAI, um modelo de IA desenvolvido para detectar lesões pancreáticas do ducto pancreático principal em TC na fase portal venosa.
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Metodologia
A análise incluiu 1.083 pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas, a partir dos registros médicos da Dinamarca entre 2006 e 2016. Os pesquisadores avaliaram 1.220 tomografias, sendo 1.022 realizados no momento do diagnóstico e 198 exames feitos antes do diagnóstico.
O estudo focou em pacientes com câncer de pâncreas primário e evitou a inclusão de casos com metástases no pâncreas. Portanto, foram excluídos os pacientes que haviam sido diagnosticados com outro tipo de câncer antes do diagnóstico do tumor pancreático.
O objetivo do estudo foi avaliar a generalização do modelo PANCANAI aplicando-o em uma coorte externa e comparando os novos resultados com os previamente encontrados. Além disso, a pesquisa visou avaliar a capacidade do algoritmo de detectar incidentalmente o câncer de pâncreas antes do diagnóstico histopatológico e demonstrar a função do algoritmo como uma ferramenta 100% automatizada para o diagnóstico de neoplasia no pâncreas, desde a identificação do exame de TC até a previsão da presença do câncer.
Resultados
Para obter os resultados do estudo, as tomografias analisadas foram categorizadas em dois grupos: Diagnóstico concomitante (DC), que foram tomografias adquiridas dentro de uma janela de 2 meses em torno da data do diagnóstico do paciente; Pré-diagnóstico (PD), que foram as tomografias adquiridas antes do diagnóstico.
No grupo diagnóstico concomitante, o modelo PANCANAI mostrou uma sensibilidade de 91,8% na detecção do câncer de Pâncreas. Em relação aos estágios da doença, os resultados foram: 83,1% (estágio I), 85,5% (estágio II), 94,9% (estágio III) e 93% (estágio IV). O desempenho variou conforme a fase de contraste, com sensibilidades de 92,1%, 90,9% e 83,5% para as fases portal, arterial e tardia respectivamente.
No grupo de pré-diagnóstico, a sensibilidade do modelo de IA foi de 68,7%, mostrando potencial da inteligência artificial para diagnóstico precoce. Para subgrupos menores, a sensibilidade foi de 53,9% para tomografias adquiridas mais de 1 ano antes do diagnóstico e de 24,5% para TC realizada mais de dois anos e meio do diagnóstico.
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Conclusão: modelo para diagnóstico de câncer de pâncreas
O estudo mostrou que o modelo PANCANAI é capaz de detectar o câncer de pâncreas em aproximadamente metade das TC adquiridas há mais de um antes do diagnóstico. Segundo os autores, esse resultado mostra que o algoritmo de IA pode ser uma ferramenta útil para obter diagnósticos precoces, consequentemente melhorando a sobrevida dos pacientes. No entanto, os pesquisadores afirmam que ainda é necessário realizar um estudo prospectivo que avalie mais profundamente o algoritmo em um ambiente clínico real, no intuito de analisar se seria possível uma integração fluida entre IA e radiologistas no fluxo de trabalho.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.
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