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Um estudo realizado neste ano por pesquisadores do Departamento de Medicina de Emergência do Erasmus Medical Center Rotterdam, em Roterdã, na Holanda, indicou que metade dos pacientes que teve alta de uma emergência não se recorda das instruções repassadas pelos médicos.
A revisão sistemática com meta-análise teve como objetivo avaliar se os pacientes entenderam e se lembrarão das instruções de alta transmitidas pelos médicos no pronto-socorro.
Metodologia aplicada
Foi realizada uma pesquisa sistemática nas bases de dados PubMed, EMBASE, Web of Science Google Scholar e Cochrane para estudos publicados antes de 15 de março de 2018.
Foram selecionados 1.842 artigos e, após seleção, foram incluídos 51 artigos. Dos 51 estudos incluídos, 12 usaram apenas instruções verbais, 30 usaram instruções por escrito e 7 usaram vídeo. O recall correto das instruções verbais, escritas e de vídeo variou de 8% a 94%, 23% a 92% e 54% a 89%, respectivamente.
A análise foi realizada com dados de 1.460 pacientes que receberam apenas informações verbais, 3.395 pacientes que receberam informações escritas e 459 pacientes que receberam informações em vídeo.
Os dados agrupados mostraram diferenças no recall correto, 47% para pacientes que receberam informações verbais (intervalo de confiança de 95% de 32,2% a 61,7%), 58% para pacientes que receberam informações escritas (intervalo de confiança de 95% de 44,2% a 71,2%) %).
VEJA TAMBÉM: O respeito à autonomia do paciente como instrumento de trabalho
Como instruir para a alta hospitalar
Foi verificada que apenas a comunicação verbal nas instruções de alta aos pacientes no pronto-socorro não é o suficiente. Embora o recall correto global não tenha sido significativamente maior, a adição de vídeo ou informações escritas às instruções de alta demonstrou resultados promissores para os pacientes internados nos prontos-socorros.
Planejamento de alta hospitalar
O planejamento da alta deve criar um plano personalizado para cada paciente que está deixando hospital, com o objetivo de melhorar os resultados dos pacientes. O planejamento da alta deve garantir que os pacientes deixem o hospital no momento apropriado do seu tratamento e que a prestação dos cuidados pós-alta seja organizada.
Há vários disponíveis na literatura sobre como oferecer uma alta hospitalar segura aos pacientes. Em primeiro lugar, é preciso que o paciente e os seus familiares compreendam o que motivou a internação e quais as condições de saúde na alta. Como vimos acima, o indicado não é somente explicar verbalmente, mas também escrever e até mesmo gravar um vídeo para explicar, principalmente, as orientações para serem realizadas após a alta hospitalar, em casa.
Após as altas hospitalares, cerca de metade dos pacientes experimenta, ao menos, um erro associado ao cuidado em saúde, mais comumente relacionado a medicamentos. Um a cada cinco pacientes sofre eventos adversos, além de uma proporção significativa considerada evitável, atribuída a uma programação da alta inexistente ou malfeita, segundo um artigo publicado no Understanding Patient Safety, em 2012.
É necessário, portanto, explicar da forma mais informativa possível os cuidados necessários com a medicação, alimentação, higiene, locomoção, sinais de alarme que indicam a necessidade de volta ao hospital, quando retornar ao médico para uma consulta, realizações de novos exames, quando fazer contato com o médico, etc.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- https://www.annemergmed.com/article/S0196-0644(19)30498-6/fulltext;
- https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0196064419304986;
- https://portal.afya.com.br/formacao/passo-a-passo-da-minha-primeira-alta-hospitalar;
- Understanding Patient Safety. 2012, The McGraw-Hill Companies, Inc., New York, New York.
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