Uma recombinante da variante Ômicron do novo coronavírus ainda não catalogado em outras partes do mundo foi encontrada no Brasil em uma amostra colhida de uma criança de três anos. A coleta da secreção para fazer o exame do tipo RT-PCR aconteceu no dia 16 de fevereiro, em São Paulo, pela rede integrada de saúde Dasa.
Vale lembrar que os recombinantes são vírus que carregam informações de uma cepa principal, junto a outro “pedaço” de uma segunda mutação diferente. Nesse caso, houve uma “troca” de pedaços das subvariantes BA.1 e BA.2 da Ômicron. Trata-se, portanto, de uma nova linhagem recombinante.
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Para que esse achado seja reconhecido pelas autoridades de saúde como uma nova linhagem da Covid-19 é necessária a detecção de mais quatro diagnósticos idênticos.
“A diferença de variante para recombinante é que as variantes são novas linhagens. Neste caso, não houve uma mudança de pedaços de RNA viral. Isso quer dizer que uma pessoa foi infectada por BA.1 e BA.2 simultaneamente e em algumas das células infectadas, ao fazer a replicação, houve a mistura dos dois genomas”, explicou o virologista da Dasa, José Eduardo Levi, em entrevista ao portal G1.
Plataforma GISAID
O cadastro das variantes é realizado em uma plataforma chamada GISAID, principal repositório aberto de informações sobre variantes de Covid-19 no mundo.
Nesta plataforma, especialistas em sequenciamento de diversas nacionalidades oferecem dados das cepas que encontraram em exames realizados em cada país. Dessa forma, é possível acompanhar a movimentação das variantes pelo mundo.
“Esse achado sugere que essa recombinação pode ter ocorrido no Brasil. Claro, temos que esperar. Essa criança pode ter pego de alguém que pegou de alguém e vamos detectando”, disse Levi, acrescentando que essa descoberta não inspira preocupação extrema porque o máximo que pode ocorrer é essa cepa acompanhar a intensidade de suas variações originárias.
Ômicron XE
No total, até o momento, o sequenciamento genômico da Dasa já identificou três amostras de recombinantes: essa nova (ainda sem nome) e dois casos da Ômicron XE, encontrados em duas crianças paulistanas, da mesma família, ambas de dez anos de idade, coletadas em março de 2022.
O Ministério da Saúde (MS) confirmou o primeiro caso da Ômicron XE, recombinação das sublinhagens BA.1 e BA.2 da variante do novo coronavírus, no Brasil no início de abril. O diagnóstico foi apontado pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
No caso da XE, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta comunicando que está monitorando os casos dessa versão, que inicialmente havia sido detectada apenas na China, mas se espalhou para outras partes do mundo, principalmente o Reino Unido.
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Aliás, a Ômicron XE foi detectada pela primeira vez no Reino Unido no dia 19 de janeiro deste ano. Segundo a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês), mais de 600 casos foram confirmados até agora no país. A variante Ômicron XE também já foi identificada na Tailândia, Índia, Israel e Japão.
Embora apontada pela OMS como cerca de 10% mais transmissível que a BA.2, os estudos sobre essa transmissibilidade da recombinação ainda estão no início. A própria entidade internacional informou que aguarda novas pesquisas sobre o assunto.
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