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Saúde4 janeiro 2024

Idade dos órgãos pode influenciar na prevenção de doenças

Estudo de Stanford aponta que cerca de 20% da população tem pelo menos um dos órgãos se deteriorando rapidamente.

Por Roberta Santiago

A Escola de Medicina de Stanford desenvolveu um método inovador capaz de avaliar a idade de órgãos do corpo humano e, com isso, prever o desenvolvimento de doenças. Em artigo publicado recentemente pela revista científica Nature, o estudo realizado com base no método foi aplicado em 5.676 pessoas, revelando que cerca de 20% delas apresenta biomarcadores de envelhecimento fortemente acelerado em pelo menos um dos 11 órgãos analisados. 

De acordo com Tony Wyss-Coray, professor de neurologia que conduziu o estudo, os números não devem ser ignorados, pois essa aceleração está relacionada a um risco de morte de 20 a 50% superior ao da população normal. 

“Descobrimos que indivíduos com envelhecimento cardíaco acelerado, por exemplo, apresentam risco aumentado em 250% para doenças nesse órgão num prazo de 15 anos”, afirma o autor. Pessoas com mais de um órgão afetado aparecem em porcentagem bem menor: 1 a cada 60 indivíduos. “No entanto, o risco de morte para eles é seis vezes maior em relação a alguém sem nenhum órgão envelhecido”, alerta. 

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Idade dos órgãos pode influenciar na prevenção de doenças

Idade dos órgãos pode influenciar na prevenção de doenças

Benefícios

Apesar de impactante, saber quais órgãos estão em rápido declínio pode ajudar a revelar quais problemas de saúde podem estar prestes a surgir e a pensar em intervenções terapêuticas muito antes dos sintomas clínicos se manifestarem. 

De acordo com a Professora Dra. Patrícia Aline Boer, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, trata-se de um trabalho fantástico por diversos fatores: é o primeiro a descrever um método não invasivo e inovador pelo qual se pode analisar a capacidade de cada órgão; o método viabiliza a realização de manobras de prevenção em casos de constatação do envelhecimento; e ainda reforça no paciente a necessidade da adoção de um estilo de vida que não agrave a condição do órgão alvo. 

“Somos seres únicos, cujas características são determinadas pela genética e epigenética e moduladas pelos hábitos de nossos pais, principalmente durante a gestação, e pelo nosso próprio entorno”, diz a especialista. “As exposições ambientais ao estresse, à má nutrição, aos agrotóxicos, aos poluentes e comportamentos como sedentarismo e tabagismo têm efeitos durante a formação do nosso organismo”, completa a pesquisadora. 

O estudo

O teste é relativamente simples, baseado em exame de sangue e machine learning. Os pesquisadores treinam um algoritmo de aprendizado de máquina com informações sobre a distribuição, a abundância, as modificações, as interações e as funções de uma ou de um grupo de proteínas, ou do conjunto de proteínas em células de determinados órgãos e tecidos. Em laboratório, é aplicada a técnica proteômica sobre a amostra de sangue do paciente. A partir do conteúdo das diferentes proteínas presentes no sangue, a inteligência artificial irá associar cada uma dessas moléculas ao envelhecimento normal ou acelerado dos órgãos avaliados. 

Nessa primeira fase, o estudo avaliou as seguintes tecidos e órgãos: tecido adiposo, tecido arterial, cérebro, coração, sistema imune, intestino, rins, fígado, pulmão, músculos e pâncreas. Agora, estudos adicionais são necessários para aprimorar a técnica, baratear o processo e possibilitar a inclusão de mais órgãos ao mesmo tempo. A Universidade de Stanford já apresentou a documentação para patentear o teste, caso ele possa ser usado e vendido no futuro. 

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O futuro

Métodos como o de Stanford se encaixam naquilo que chamamos de “medicina personalizada”. Atualmente, os protocolos de abordagem mais conhecidas implicam em adaptar o tratamento da doença conforme a reação do organismo do paciente. “O conhecimento que este exame possibilita nos permitirá o uso precoce de manobras. A prevenção é e sempre a melhor conduta”, finaliza Dra. Patrícia.  

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Referências bibliográficas

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