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Saúde30 dezembro 2019

Gordura trans será banida dos alimentos industrializados do Brasil

Foi aprovada a resolução que determina a eliminação da gordura trans nos alimentos industrializados no país, reduzindo aos poucos de 2020 a 2023.

Por Úrsula Neves

Foi aprovada a resolução que determina a eliminação da gordura trans nos alimentos industrializados no país. As empresas alimentícias terão que reduzir a utilização até julho de 2021, e parar de produzir definitivamente a partir de 2023.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a eliminação global da gordura trans pode evitar 500 mil mortes por ano.

garfo e faca em cima de mesa vazia representando eliminação da gordura trans

Eliminação da gordura trans

O processo de redução vai ocorrer em três etapas: a primeira será a limitação da utilização da gordura na produção industrial de óleos refinados para, no máximo, 2%. Essa etapa terá um prazo de 18 meses de adaptação, devendo ser totalmente aplicada até o dia 1º de julho de 2021.

A restrição da segunda fase será aplicada até o dia 1º de janeiro de 2023, quando será marcado o início da terceira fase com o banimento total do ingrediente para fins de consumo. A gordura trans ainda poderá ser usada para fins industriais, mas não como ingrediente final em receitas para o consumidor.

Atualmente, não há quantidade máxima definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os produtos importados também precisarão seguir essas regras. O seu descumprimento poderá acarretar em advertências e até em multas, que serão definidas pela agência.

Leia também: ASCO 2019: baixo teor de gordura na dieta reduz mortalidade por câncer de mama

Já no caso dos óleos refinados, os ácidos graxos trans não serão banidos. A Anvisa levou em consideração que esses óleos passam por altas temperaturas no processo de refinamento, o que acaba produzindo a gordura trans de forma não proposital.

Riscos para a saúde

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de gordura trans acima de 1% do Valor Energético Total que uma pessoa ingere diariamente já eleva significativamente o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

A meta é reduzir a ingestão de gordura trans entre os brasileiros, que chega hoje a quase 2% entre os adolescentes, por exemplo.

Mudanças nas regras de rotulagem nutricional já estão sendo discutidas pela agência e devem ser votadas ainda no primeiro semestre de 2020.

Em maio deste ano, a OMS alertou que 5 bilhões de indivíduos no planeta correm risco de desenvolver doenças relacionadas ao consumo de gordura trans. Estima-se que o ingrediente cause 500 mil óbitos anualmente em todo o mundo.

No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de óbitos e de internações hospitalares. Em 2015, foram 424.058 óbitos causados por enfarte agudo do miocárdio, hipertensão, arritmias e outras complicações cardiovasculares, com 31% do total.

Veja mais: Obesidade: consumo de gordura saturada influencia na saciedade?

Produção brasileira e mundial

De acordo com a Anvisa, o volume de produção anual de gordura trans no Brasil caiu de 591.244 toneladas em 2013 para 516.525 toneladas em 2017.

A estimativa é que, em 2026, a produção seja de 71.865 toneladas. Apesar da importante redução, o Brasil é o país das Américas com maior volume de produção de gordura trans, representando quase 35% e superando os Estados Unidos.

No mundo, 49 países já adotaram medidas regulatórias de restrição ao uso da gordura trans. Na Europa, o valor máximo é de 2% para todos os alimentos. Já os Estados Unidos decidiram banir esse tipo de gordura em 2015.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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