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Saúde26 julho 2022

Falta de medicamento e contraste desafia prática médica há 2 meses

A atual falta de medicamento no país é resultado da ausência de insumos. Eles vêm principalmente da China, que passou por mais um lockdown.

Por Úrsula Neves

O Ministério da Saúde orientou, em nota publicada no dia 12 de julho, que as organizações de saúde racionalizem o uso de contraste iodado nos exames e procedimentos médicos devido à falta de medicamento. Além do contraste, hospitais e farmácias têm encontrado dificuldade em adquirir soro fisiológico, amoxicilina e até dipirona. 

A falta de medicamento para síndromes respiratórias, principalmente pediátricos, tem deixado gestores de hospitais e médicos da rede pública e particular em alerta. 

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Os casos mais relatados são referentes aos remédios mais básicos, como o antitérmico Dipirona ou Amoxicilina, além dos de alto custo para o tratamento de enfermidades como lúpus, Guillain-Barré e Crohn. 

No final de maio, uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp), apontou que 55% dos hospitais brasileiros estavam com falta de medicamento, um cenário também agravado pelo aumento dos preços. 

De acordo com a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), quase 95% dos medicamentos vendidos no Brasil dependem de matéria-prima que vem de fora, principalmente da China. Acontece que a nação asiática, assim como a Índia, teve as exportações afetadas porque está, mais uma vez, em lockdown para conter uma nova onda de casos de Covid-19. A guerra entre Rússia e Ucrânia desde março também contribui para o agravamento do problema. 

Medicamentos controlados continuam com permissão para serem entregues remotamente

Consequências da falta de medicamentos

Com a falta de antibióticos, muitos estados brasileiros vêm suspendendo cirurgias e até obrigando a interrupção dos tratamentos. 

Outra consequência é que os médicos estão tendo que prescrever outro medicamento para atender aos pacientes no momento da consulta. 

“A falta de opções terapêuticas afeta o tratamento das doenças e a resistência bacteriana, uma vez que na ausência de opções mais específicas, quando substituímos por antibióticos de maior espectro de ação, o que ocorre é que expomos determinadas cepas bacterianas a antibióticos mais potentes, e quando elas formam resistência a esse tipo de droga, nos resta menos opções no arsenal terapêutico. Em alternativa, podemos fazer o uso racional de antibioticoterapia e orientar os pacientes quando não é necessário fazer tratamento com esse tipo de droga”, explicou a coloproctologista do Hospital e Clínica São Gonçalo (HCSG), Bruna Carminatti Bavaresco, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED, 

Uma das médicas ouvidas pela PEBMED que têm notado a falta de antibióticos no atendimento diário é a endocrinologista do Hospital Icaraí, Jaqueline Pais. “Trabalho em um hospital, em que vem faltando alguns medicamentos, incluindo alguns antibióticos, como os aminoglicosídeos, por exemplo. A falta de alguns antibióticos acaba interferindo na escolha do antibiótico ideal, seguindo os protocolos assistenciais de atendimento aos vários tipos de infecções”, disse. 

Já a ginecologista e obstetra Janaina Ribeiro pontuou especificamente a falta de amoxicilina nas farmácias de São José dos Campos, na região do Vale do Paraíba.  

“Infelizmente, ficamos limitados para tratar algumas infecções específicas, principalmente com bactérias multiresiatentes”, pontuou a ginecologista e obstetra Janaina Ribeiro. Os seus pacientes relatam que também estão sentindo a falta de antibióticos, principalmente amoxacilina, há cerca de dois meses. 

Além de São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal, outros estados relatam falta de antibióticos. No Tocantins, o problema já dura mais de dois meses. Em Sergipe, está faltando amoxicilina e clavulanato. O mesmo ocorre em hospitais infantis do Espírito Santo. Já em Belo Horizonte, há desabastecimento de cinco antibióticos pediátricos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Em nota enviada para a imprensa, o Ministério da Saúde disse que trabalha para manter a rede de saúde abastecida com todos os medicamentos ofertados pelo SUS. E que verifica junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conselhos municipais e estaduais e representantes das indústrias farmacêuticas para verificar as causas e articular ações emergenciais para reduzir o desabastecimento dos medicamentos.

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