A FDA, agência responsável por regular medicamentos e dispositivos médicos nos Estados Unidos, deu aval ao primeiro teste domiciliar voltado ao rastreamento do câncer de colo de útero. Desenvolvido pela empresa Teal Health, o teste representa uma alternativa ao tradicional exame de Papanicolau, com a proposta de ser mais acessível e menos invasivo, já que permite que a própria paciente faça a coleta em casa, utilizando um swab com uma pequena esponja.
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Para utilizar o serviço, a paciente deve solicitar o kit online, passar por uma consulta virtual com um profissional de saúde, realizar a coleta em casa e enviar a amostra pelo correio para análise. Caso o resultado indique a presença do vírus HPV — principal responsável pelo câncer cervical —, a paciente será orientada a realizar exames presenciais, como o próprio Papanicolau ou uma colposcopia. Se o resultado for negativo, ela poderá aguardar até o próximo rastreamento de rotina.
Estudo de larga escala
A autorização da FDA se baseou nos resultados do estudo SELF-CERV, considerado o maior já conduzido nos Estados Unidos para esse tipo de avaliação. A pesquisa demonstrou que a ferramenta Teal Wand tem a mesma eficácia do exame realizado por médicos, com 96% de acerto na detecção de lesões pré-cancerosas. Além disso, 94% das participantes afirmaram preferir a coleta domiciliar com o novo dispositivo, e 86% disseram que estariam mais propensas a manter a regularidade nos exames se pudessem realizá-los em casa.
Câncer de colo do útero
O câncer de colo de útero é o terceiro mais comum entre as mulheres brasileiras — desconsiderando os tumores de pele não melanoma — e a quarta principal causa de morte por câncer nessa população. É uma doença altamente evitável, graças à vacinação contra o HPV e à realização periódica de exames preventivos.
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O HPV é transmitido principalmente por contato sexual e pode provocar, além do câncer cervical, tumores na vulva, vagina, ânus, garganta e, nos homens, no pênis. Estima-se que até 70% das pessoas sexualmente ativas entrarão em contato com o vírus, embora a maioria consiga eliminá-lo naturalmente. Porém, em 20% dos casos, a infecção persiste e pode evoluir para câncer.
Mesmo com a disponibilidade do exame no SUS para mulheres a partir dos 25 anos com vida sexual ativa, muitos fatores — como a dificuldade para agendar consultas, falta de tempo e desconforto com o exame — afastam pacientes do rastreamento. O novo teste caseiro surge como alternativa promissora para superar essas barreiras e salvar vidas.
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