Efeitos de eventos climáticos extremos sobre a saúde materna 

Artigo recentemente publicado no BMJ trouxe uma revisão de escopo que buscou analisar o impacto de eventos climáticos extremos (ECE) sobre a saúde de mulheres durante a gestação em países de baixa e média renda. Para os pesquisadores, análises similares anteriores focaram nos desfechos da gestação e saúde dos bebês e pouco avaliaram a saúde materna, assim eles decidiram por focar a análise na saúde da gestante, incluindo a saúde pós-parto das mulheres. 

O estudo 

Além de avaliar as evidências mais atuais dos impactos de eventos climáticos extremos (ECE) sobre a saúde materna, o artigo também se propôs a identificar as ligações entre ECE, características geográficas e saúde. 

ECE foram classificados como variações climáticas atípicas em relação aos limites para a região do estudo, sendo excluídos tsunamis, terremotos e erupções vulcânicas.  Saúde materna foi avaliada considerando a parte mental e física em todos os estágios da gestação e no período pós-parto. 

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A revisão selecionou estudos publicados até 15 de dezembro de 2022 que tratassem tanto mulheres grávidas quanto do pós-parto (até 6 semanas) vivendo em países de baixa e média renda e que tivessem sido expostas a ECE. Utilizou-se cinco bases de dados Medline, Global Health, Embase, Web of Science e CINAHL para escolha de 15 estudos, 4 quantitativos e 11 qualitativos.   

Achados 

Os estudos quantitativos mostraram que ECE impactaram negativamente a saúde materna de formas variadas (p. ex.: acesso aos serviços de saúde, má nutrição, stress e mortalidade). Dados corroborados pelos estudos qualitativos, que ainda apontaram uma percepção por parte das mulheres grávidas de que suas necessidades foram subestimadas no período posterior a ocorrência de um ECE. 

Embora os resultados encontrados tenham demonstrado efeitos preocupantes para saúde materna, os autores acreditam que a evidência desses impactos, principalmente em países de baixa renda é limitada, sendo necessários mais estudos que também levem em conta as diferenças de infraestrutura e de políticas para desastres entre os países. 

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.