A versão de 2016 do exame de avaliação do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) trouxe mais uma vez um alerta sobre a educação médica: algo precisa mudar. Em dez anos, esta foi a nona vez que mais de 50% dos recém-formados que realizaram a prova foram reprovados. Os resultados foram divulgados no início deste ano e mostraram que dos 2.677 médicos, 1.511 (56%) não conseguiram acertar 72 das 120 questões.
Entre os erros estavam coisas básicas, como: não conseguir interpretar uma radiografia (80%), nem uma tomografia abdominal (63%); e não saber o manejo correto em um paciente com crise hipertensiva (70%). O pior desempenho esteve entre os que cursaram faculdades privadas, chegando a 66% de reprovação entre estes. Porém, no ensino público, houve um aumento de reprovação em comparação ao exame de 2015, de 26,4% para 37,8%.
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Diante desse cenário, é possível dizer que o problema está na educação médica? Alguns profissionais acreditam que sim. Apesar de serem os dados de um único estado, eles podem refletir a realidade do ensino brasileiro, já que costuma ser baseado na linha tradicional em que o professor fala e aluno escuta – e que já não tem tanto resultado.
Para Alexandre Holthausen, diretor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, São Paulo, em entrevista à Revista Isto É, os formatos ideais são aqueles onde o professor incentiva a solução de casos a partir das informações passadas aos alunos. Segundo ele, esse é um dos aspectos essenciais, já que os resultados vem mostrando que muitos dos novos médicos não conseguem associar os dados para formular um diagnóstico.
A prova do Cremesp não é obrigatória para a concessão de registro, apesar de ter sido entre 2012 e 2014 por resolução da entidade, devido a uma liminar da Justiça Federal contrária a provas como exigência. Ainda assim, ela é critério para acesso a programas de Residência Médica, concursos públicos e contratação em diversas instituições do estado.
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Referências:
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