Novas variantes do coronavírus continuam surgindo e se espalhando pelo planeta, causando muita preocupação nas autoridades mundiais. A mais recente que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um sinal de alerta é a variante lambda, descoberta em agosto de 2020, no Peru.
Batizada na ocasião como C.37 ou “variante andina”, a lambda está em uma categoria em que se encontram outras seis mutações do novo coronavírus. Se (ou quando) for confirmada a sua transmissão comunitária, será investigada por cientistas para medir o seu impacto, principalmente na América do Sul.
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Presença na América do Sul
De acordo com o GISAID, portal que coleta dados sobre o novo coronavírus e influenza, até 15 de junho essa variante estava presente em, pelo menos, 29 países, com grande presença na América do Sul.
A lambda está relacionada com 81% dos casos detectados no Peru desde abril no país. Foi detectada pela primeira vez em agosto de 2020, principalmente no Peru, Chile, Argentina e Equador.
A entidade afirmou ainda que, após o acompanhamento desta variante, constatou que é possível um aumento da transmissibilidade e resistência aos anticorpos neutralizantes. A variante brasileira e britânica está circulando em taxas semelhantes a gama e alfa.
A situação é preocupante porque o novo coronavírus causou muitos danos à América do Sul. No Chile, a cepa andina compete com a variante de preocupação registrada inicialmente em Manaus. Enquanto a cepa brasileira, P.1, foi identificada em 33% dos casos chilenos sequenciados nos últimos 60 dias, a C.37 se mostrou presente em 32% deles, segundo a OMS. A Argentina também viu a prevalência da variante andina aumentar entre abril e maio, presente em 37% das amostras sequenciadas.
Já no Brasil foram registradas poucas ocorrências da lambda até o momento.
Sinal de alerta
Essa situação preocupa os cientistas latino-americanos, uma vez que a região tem enfrentado sérios problemas para superar a pandemia, acumulando mais de um milhão de óbitos. Hospitais sobrecarregados, juntamente com um atraso no processo de vacinação em muitos países, tornaram particularmente difícil conter a pandemia de Covid-19.
Atualmente, o grupo de especialistas convocado pela OMS recomendou o uso de letras do alfabeto grego, ou seja, Alfa, Beta, Gama, que são mais fáceis e práticas de serem discutidas por qualquer público e comunicadores.
A OMS acrescentou que neste momento existem “evidências limitadas” sobre o impacto da lambda, ressaltando a urgência da realização de mais estudos que possam ajudar a compreender melhor o seu alcance, a fim de encontrar fórmulas que ajudem a controlar sua propagação.
O mesmo vale para qualquer afirmação sobre a eficácia das vacinas em relação a essa variante: é preciso realizar mais pesquisas.
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Evidências sobre a variante lambda
O médico em microbiologia molecular e coordenador do Laboratório de Genômica Microbiana do Peru, Pablo Tsukayama, está por trás das pesquisas que identificaram a nova linhagem do novo coronavírus.
Em entrevista à BBC News Mundo, ele afirmou que ainda há muitas questões a serem resolvidas em relação à lambda, mas que, possivelmente, essa variante tem uma maior transmissibilidade.
“Ela provavelmente é mais transmissível, pois é a única forma de explicar o seu rápido crescimento. No Chile e no Peru, ela continua avançando fortemente, enquanto na província de Buenos Aires já representa mais de 40% dos casos”, contou.
Referências bibliográficas:
- Variante lambda do coronavírus: o que se sabe sobre mutação que se espalha pela América do Sul e preocupa OMS. G1. 17 de junho de 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/06/17/variante-lambda-do-coronavirus-o-que-se-sabe-sobre-mutacao-que-se-espalha-pela-america-do-sul-e-preocupa-oms.ghtml
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