Segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), 39% dos médicos entrevistados atenderam ao menos um paciente infectado pela Covid-19 que desenvolveu trombose. Cerca de 470 angiologistas e cirurgiões vasculares, associados da entidade, participaram da iniciativa.
O objetivo do levantamento foi identificar o percentual de médicos que atenderam pacientes infectados pelo novo coronavírus e a sua implicação na formação de trombose. A finalidade maior é compreender a relação da Covid-19 com a saúde vascular e traçar as diretrizes clínicas para a doença na especialidade.
Confira os principais resultados da pesquisa!
Trombose e Covid-19
De acordo com o levantamento, 62% dos médicos atenderam os pacientes na rede particular de saúde, 33% na pública, 4% em entidades filantrópicas e 1% nas forças armadas.
No total, 39% dos vasculares entrevistados tiveram ao menos um paciente com trombose venosa ou embolia, que testou positivo para a Covid-19. Enquanto, 21% dos médicos tiveram casos de oclusão arterial. Esse número cai para 5% dos profissionais, quando se refere ao acidente vascular cerebral isquêmico por doença carotídea.
Curiosamente, os idosos infectados não foram os mais afetados pela trombose. O maior número de atendimentos está na faixa etária de 40 a 60 anos, com 72%. A partir dos 60 anos de idade, esse número cai para 64%. Apenas 8% dos participantes atenderam jovens de até 20 anos de idade; 51% atenderam infectados de 20 a 40 anos.
É possível observar também que 82% dos angiologistas e cirurgiões vasculares que participaram da pesquisa atenderam pacientes com o novo coronavírus com trombose nos membros inferiores. Enquanto, 12% dos médicos atenderam pacientes com o quadro nos membros superiores.
“O desenvolvimento de tromboses, seja arterial ou venosa, em membros superiores é muito pequeno. Com a Covid-19, observamos na pesquisa, que este número foi muito maior do que o observado na prática do dia a dia”, explica o cirurgião vascular Marcelo Calil Burihan, que também é diretor de publicações da SBACV.
De acordo com o especialista, o aumento das incidências pode estar relacionado a traumas por punções e até mesmo uso de vasoconstritores.
Cerca de 66% dos vasculares tiveram ao menos um paciente que evoluiu para amputação do membro afetado. Outros pontos que foram levados em consideração incluem a localização geográfica dos atendimentos, sexo, tratamento realizado e risco de mortalidade.
Você pode visualizar os resultados na íntegra acessando o link.
Trombose
Os sintomas mais frequentes da trombose venosa são endurecimento da musculatura da panturrilha, dor, inchaço e aumento das veias mais superficiais.
Os principais fatores de risco são imobilização prolongada, trombofilia, obesidade, varizes, uso de hormônios femininos associado ao tabagismo, permanecer acamado por muito tempo, cirurgias prolongadas, idade avançada, câncer, fase final da gravidez e pós-parto.
O diagnóstico inclui exames clínicos, de sangue e/ou ultrassom Doppler. O tratamento, em maior parte, é realizado com medicamento anticoagulante, repouso com as pernas elevadas e, em alguns cenários e o uso de meias elásticas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 37 segundos uma pessoa morre por complicações de um coágulo sanguíneo. No Brasil, estima-se que ocorra de um a dois casos de trombose por mil habitantes/ano, ou seja, até 400 mil/ano.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- https://www.sbacv.org.br/imprensa/releases/sbacv-divulga-pesquisa-sobre-a-relacao-entre-a-covid-19-e-trombose
- https://www.sbacv.org.br/lib/media/Revistas/2020/apresentacao—sbacv-pergunta-covid-19-min.pdf
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