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Na Estratégia de Saúde da Família, o médico faz parte de uma equipe multidisciplinar que, por definição, atende toda a população residente de um território geográfico específico. Dessa população, é preciso saber várias informações para que a atuação do Médico de Família seja voltada à ela, como morbidades que mais a acometem, demografia, situação de saneamento e peculiaridades do território, aspectos culturais e atores sociais, entre outras.
É esperado que o profissional que inicia em uma nova equipe desconheça a população e a comunidade sob seu cuidado. Algumas ferramentas já validadas podem, então, ajudar nesse processo de reconhecimento das demandas da população e de aspectos frágeis e fortes do território para, assim, a equipe poder planejar as ações de cuidado em saúde.
Abaixo estão alguns exemplos de ferramentas de fácil aplicação nas equipes:
Diagnóstico de demanda
Essa ferramenta visa pesquisar as morbidades mais prevalentes e o perfil dos usuários que utilizam o serviço. Para essa pesquisa, pode-se buscar tais informações por questionários aplicados aos usuários ou registros prévios (como o prontuário eletrônico) e posteriormente elencar as morbidades mais prevalentes. Realizado dessa maneira, pode ser limitado por imprecisões no registro.
Biomapa
A confecção do biomapa é de grande valia para o diagnóstico situacional da comunidade e requer a participação de pessoas que conheçam o território. Deve envolver os agentes comunitários de saúde, outros membros da equipe e até mesmo moradores da área.
Nessa construção, um mapa do território estudado é apresentado aos participantes, podendo ser uma foto aérea ou um mapa desenhado pelos participantes. A partir desse mapa, os participantes vão apontando áreas importantes pra comunidade, equipamentos sociais, áreas com problemas estruturais e outros locais que entendam como importante.
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A criação do biomapa é um ponto de partida para a reflexão sobre o território, suas dificuldades e potencialidades e posterior criação de planos de ação.
Entrevista rápida participativa
Essa ferramenta é mais complexa do que o diagnóstico de demanda, porém faz um levantamento mais abrangente do perfil da comunidade. Primeiramente, a equipe deve se organizar e fazer um cronograma para a realização da pesquisa, além de decidir o que é preciso saber daquela comunidade.
Para todas as questões levantadas, as informações são obtidas de três maneiras: observacional (o pesquisador vai à campo e conhece o território), por entrevistas de informantes-chave (pessoas influentes e importantes da região estudada) e por registros e dados secundários de fontes confiáveis.
Ao final da coleta de dados, estes são organizados e analisados. É importante que as conclusões tiradas pelas análises dos dados sejam trabalhadas através de planos de ação para a melhoria daquela comunidade.Vale lembrar que as pesquisa devem ser aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa antes de sua aplicação.
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Referências:
- BASTOS, G. A. N.; BASTOS, J. P.; CABALLERO, R. M. S. Abordagem Comunitária: diagnóstico de saúde da comunidade. In: GUSSO G.; LOPES, J. M. C. (Org.). Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed, 2018. v. 1, p. 305-312.
- Angélica Ferreira FONSECA, A. F.; CORBO, A. D. O território e o processo saúde-doença. Coleção Educação Profissional e Docência em Saúde: a formação e o trabalho do agente comunitário de saúde. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2007. 266 p.
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