A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) elaborou uma cartilha direcionada a educadores e responsáveis sobre a importância do combate ao bullying e cyberbullying. A ação visa orientar crianças e adolescentes contra essas práticas destrutivas e alertar a população em geral. Confira a cartilha na íntegra aqui.
Infelizmente, essa triste realidade vem atingindo cada vez mais crianças e adolescentes, podendo se estender por outras fases da vida, e gerando graves consequências para a saúde mental e física desses jovens a curto, médio e longo prazo. Sendo assim, é fundamental ressaltar que essas sequelas não atingem somente as vítimas, mas também para quem pratica e para o espectador que acompanha a ação.
“O bullying é uma agressão sistemática que causa vexame, é uma violência. Atualmente, o bullying sai do ambiente físico e passa para um ambiente que hoje é de extrema importância: o virtual. O cyberbullying tem um alcance e um poder de destrutividade muito maiores”, explicou o psiquiatra associado da ABP e especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência, Francisco Assumpção.
Campanha
O objetivo da campanha “Delete essa ideia” criada pela ABP, incluindo o lançamento da cartilha orientativa, é esclarecer, alertar e combater o bullying e o cyberbullying, visando a redução do índice de casos.
A entidade destaca que é muito importante dar foco neste assunto, principalmente no período escolar, tendo em vista que 23% dos estudantes brasileiros afirmam que já sofreram Bullying, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Precisamos que juntos, todos atuem ativamente na conscientização de que esta prática não é brincadeira e não deve ser feita. O bullying se tornou um grave problema de saúde pública nos últimos anos, é um tema de grande desafio entre os educadores e responsáveis e precisa acabar. Segundo a Pesquisa Nacional da Saúde Escolar do IBGE, são mais de 35% de meninos e 45% de meninas que já sofreram bullying, sendo 13,2% vítimas do cyberbullying. Precisamos diminuir esses índices e cada profissional de saúde é uma peça indispensável para nos ajudar nessa luta. O bullying precisa parar. Acabar com essa prática é uma missão de todos!”, disse o presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva.
Portanto, os médicos devem conversar sobre o assunto com seus filhos, amigos e familiares e, claro, pacientes para que aqueles que estejam passando por isso saibam identificar e buscar a ajuda necessária. “Atue ativamente na conscientização de que esta prática não é brincadeira e não deve ser feita”, finalizou a ABP.
Na opinião do médico e psiquiatra Alexandre Valverde, que não participou da confecção da cartilha, a iniciativa de informar os tipos de bullying e cyberbullying – que acaba tendo uma dimensão e um efeito deletério muito maior, sendo visto por centenas e até milhares de pessoas é primordial.
“Essas experiências podem desencadear problemas muito sérios em crianças e adolescentes, como ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático, de acordo com a intensidade do que é vivido. Nós, psiquiatras e terapeutas, devemos ficar bem atentos a esses sinais quando estamos avaliando crianças e adolescentes para detectar o início de alguma síndrome correlata por essas causas de bullying e cyberbullying. A escola tem um papel importantíssimo no sentido de inibir esse comportamento com políticas constantes de monitoramento e trabalho voltados para essa questão. É necessário que esse assunto seja sempre lembrado e discutido, com o envolvimento dos pais”, destacou Alexandre Valverde, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.
Estudo global sobre cyberbullying
O estudo global “Hidden in Plain Sight: More Dangers of Cyberbullying Emerge” (“Escondido mesmo à vista: mais perigos do cyberbullying surgem”) entrevistou 11.687 pais e filhos em dez países, incluindo o Brasil, no ano passado e revelou números importantes sobre o tema.
Mais da metade (64%) dos pais brasileiros estão preocupados que os filhos pratiquem cyberbullying. O índice é maior no Brasil do que a média (58%) de todos os países participantes do relatório.
Conforme o levantamento, 22% das crianças e dos adolescentes brasileiros afirmaram já ter praticado cyberbullying com alguém conhecido. O índice mundial é de 21%.
Atenção parental
Os pais brasileiros (84%) também afirmaram estar preocupados com que os filhos sejam vítimas de cyberbullying. E essa preocupação tem razão de ser, uma vez que dados do estudo mostram que 6 a cada 10 (67%) crianças e adolescentes brasileiros já sofreram discriminação de conhecidos, e 5 a cada 10 (51%) por estranhos.
Quase nove a cada dez famílias brasileiras (89%) disseram que conversam com os seus filhos para que eles aprendam a lidar com o cyberbullying e buscam se informar sobre o tema e monitorar os dispositivos dos filhos, em comparação com a média global (64%). Contudo, 32% das crianças brasileiras se mostraram mais propensas a esconder o cyberbullying (seja como vítima ou agressor) de seus pais (contra 35% na média global), preferindo abordar o tema apenas com os amigos (76%).
Acesse o relatório completo aqui.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.