A Vigilância Epidemiológica Municipal (VEM) de São Paulo confirmou, no início de abril, o primeiro caso de leishmaniose visceral em seres humanos desde 2013 em Presidente Prudente, município localizado a oeste do estado. O homem, que está hospitalizado, teve a sua idade e nome preservados. O bairro ou rua onde mora a vítima também não foram divulgados; para não gerar alvoroço na vizinhança. O paciente segue estável, conforme protocolo médico.
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vai realizar uma ação para testagem de sorologia nos cães para identificar a leishmaniose visceral canina. Com mais esse caso confirmado, a cidade paulista contabiliza 15 casos positivos, com dois óbitos.
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Leishmaniose visceral
A leishmaniose visceral é uma doença grave, causada pelo protozoário Leishmania chagasi, e transmitida através da picada do flebotomíneo (Lutzomyia longipalpis), popularmente conhecido por mosquito-palha. O inseto pode picar pessoas e animais, principalmente cachorros. Não há transmissão direta entre indivíduos e indivíduos e cachorros.
A enfermidade pode levar a óbito em até 90% dos casos. Os principais sintomas identificados são febre de longa duração, aumento do fígado e do baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia.
Na opinião do pesquisador científico da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), o médico infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro, o novo caso registrado pelas autoridades sanitárias realça o alerta aos 231 mil habitantes da região para que façam a lição de casa quanto ao descarte correto do lixo. Pesquisas apontam a existência de 92 pontos com depósitos irregulares em diferentes áreas da cidade e, especialmente, na periferia, o que favorece o ciclo biológico da enfermidade.
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Casos registrados
Conforme dados contabilizados em pesquisas científicas, de 1999 a 2021 foram registrados 2.952 casos de leishmaniose visceral humana no estado de São Paulo, dos quais 461, representando 16,97%, em 45 municípios do oeste paulista: área de abrangência do Departamento Regional de Saúde (DRS-11).
No Grupo Vigilância Epidemiológica de Presidente Prudente, que compreende 24 municípios, foram confirmados 30 casos e um óbito entre os anos de 2017 e 2023.
O Grupo Vigilância Epidemiológica (GVE) de Presidente Venceslau, formado por 21 municípios, apresentou 120 casos com oito óbitos. Já especificamente na cidade de Presidente Prudente, o primeiro caso ocorreu em 2013 e até o começo de abril deste ano, eram 15 pessoas que contraíram a doença e dois indivíduos foram a óbito.
Ainda não existe uma vacina para prevenir a leishmaniose visceral humana. Sendo assim, a tendência natural é o aumento progressivo dos casos.
“No entanto, há de se reconhecer o excelente trabalho da Vigilância Epidemiológica, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Superintendência de Controle de Endemias e Instituto Adolfo Lutz de Presidente Prudente. Graças a isso, temos somente um pequeno número de pessoas infectadas quando comparado a outras cidades da região oeste paulista, como são os casos de Dracena, Presidente Epitácio e Presidente Venceslau, do GVE de Venceslau”, informou o pesquisador vinculado à Unoeste, professor na Faculdade de Medicina e nos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.
Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.
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