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Saúde18 julho 2025

Brasil volta ao ranking mundial de crianças não vacinadas, afirmam Unicef e OMS

País dobra número de crianças sem vacina em um ano e reacende preocupação com cobertura vacinal, sarampo e HPV
Por Roberta Santiago

O Brasil voltou a figurar entre os países com maior número de crianças não vacinadas no mundo, segundo levantamento conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Unicef, divulgado em julho de 2025. Após um avanço em 2023, o país regrediu e ocupa agora a 17ª posição no ranking global, com 229 mil crianças sem acesso à primeira dose da vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche). No ano anterior, o número correspondia a menos da metade: 103 mil.

O dado é particularmente preocupante por se referir à DTP1, vacina usada como marcador de acesso ao serviço básico de imunização. Crianças que não recebem essa dose inicial são consideradas “zero dose”, grupo prioritário nas metas globais da Agenda de Imunização 2030.

Panorama global

Globalmente, 89% das crianças receberam ao menos uma dose da DTP, e 85% completaram o esquema com três doses. Embora esses números representem avanços discretos em relação a 2023, com 171 mil crianças a mais iniciando a vacinação e um milhão a mais completando as três doses, o volume de crianças desprotegidas ainda é alarmante. Somente em 2024, 14,3 milhões de crianças não receberam nenhuma vacina, e quase 20 milhões não completaram o esquema vacinal.

Brasil volta ao ranking mundial de crianças não vacinadas, afirmam Unicef e OMS

Cenário por trás da queda nos índices de vacinação de crianças

A desinformação, o enfraquecimento dos sistemas de saúde, conflitos armados e cortes em orçamentos públicos e ajuda internacional são os principais fatores apontados para a queda da cobertura vacinal. “Mesmo pequenas quedas colocam em risco o controle de surtos e a segurança dos sistemas de saúde”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A cobertura contra o sarampo continua abaixo do ideal: 84% para a primeira dose (a meta mínima é de 95%) e 76% para a segunda. Como consequência, 60 países enfrentaram grandes surtos de sarampo em 2024, quase o dobro dos registrados em 2022.

A vacinação contra o HPV teve um leve progresso: 31% das adolescentes elegíveis receberam ao menos uma dose, e a cobertura completa subiu de 21% para 28%. Ainda assim, 46,6 milhões de meninas seguem parcial ou totalmente desprotegidas contra o vírus.

Alerta reforçado

A OMS e o Unicef alertam que a promessa de proteger cada criança está ameaçada. Ambas as entidades defendem a integração da imunização à atenção primária, o combate à desinformação e o reforço do financiamento internacional, em especial para os países de baixa e média renda.

Para os profissionais de saúde, em especial pediatras, infectologistas e médicos da atenção básica, o momento exige vigilância redobrada, escuta ativa com famílias e reforço na orientação sobre os benefícios das vacinas, medida essencial para conter o retrocesso e salvar vidas.

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Referências bibliográficas

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